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Vol. 42. Issue S2.
Pages 558-559 (November 2020)
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SÍNDROME INFLAMATÓRIA MULTISSISTÊMICA PEDIÁTRICA KAWASAKI-LIKE ASSOCIADA A COVID-19
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J.M. Beatricea, P.G. Lopesa, J.G. Emerencianoa, T.S. Vilelaa, R.G. Calmonb, F.M. Oliveirab, A.D. Addac, R.G. Cesarc, E.A. Eliasb, S.R. Loggettoa
a Departamento de Hematologia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, São Paulo, SP, Brasil
b Departamento de Cardiologia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, São Paulo, SP, Brasil
c Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, São Paulo, SP, Brasil
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Objetivos: Descrição de caso clínico. Material e métodos: Dados clínicos e laboratoriais do prontuário médico. Resultados: Menina, 12 anos, febre prolongada e odinofagia, evoluindo com mialgia e diarreia. Diagnóstico de COVID-19 confirmado por RT-PCR para SARS-CoV2 (D1). Internada por 7 dias para receber ceftriaxone e azitromicina. Após 2 dias da alta (D9) voltou a apresentar febre, diarreia, mialgia intensa e cervicalgia. No D12 desde o diagnóstico da COVID-19 internou com Hb 6,7g/dL, leucócitos 10.590/mm3, neutrofilia (80%), linfopenia (9%), plaquetas 557.400/mm3, TGO 37 U/L, TGP 53 U/L, DHL 138 UI/L, RNI 1,19, TTPA 1,09, fibrinogênio 711 mg/dL, PCR 16,7 mg/dL, VHS 94 mm, D-dímero 4,86 ug, troponina I < 5 ng/mL, procalcitonina 0,2 ng/mL, ferritina 394 ng/mL, liquor normal, CT tórax com mais de 10% de comprometimento pulmonar (imagem de consolidação e vidro fosco na base esquerda) e ecocardiograma com derrame pericárdico discreto. No mesmo dia realizou outro ecocardiograma, desta vez com dilatação moderada de artéria coronária direita. Nega uso de anticoncepcional. Sem história pessoal e familiar de trombose. Diagnóstico de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) associada a COVID-9 (Kawasaki-like). Recebeu imunoglobulina intravenosa 2 g/kg, metilprednisolona 60 mg/dia, cefepime, concentrado de hemácias e AAS 80 mg/kg/dia por 7 dias. No 7° dia de tratamento teve melhora do ecocardiograma, reduzindo-se a dose de AAS para 3 mg/kg/dia e iniciada anticoagulação terapêutica com enoxaparina sódica. Alta bem após 12 dias de internação. Discussão: A infecção pelo SARS-CoV2 caracteriza-se por um estado de hipercoagulabilidade, manifestado por lesões microvasculares pulmonares ou renais, tromboembolismo pulmonar ou eventos trombóticos venosos ou arteriais. A maioria das crianças hospitalizadas com COVID-19 que evoluem com trombose tem mais de um fator de risco para trombose. A indicação de anticoagulação nessas crianças ainda não está bem definida por diretrizes, devendo cada caso ser individualizado em função dos fatores de risco pró-trombóticos, da gravidade do quadro e do risco hemorrágico. Os fatores de risco desta paciente eram idade (adolescente), cateter venoso central, SIM-P, plaquetose e uso de corticoide. A SIM-P associada ao SARS-CoV-2 é uma preocupação emergente em crianças e, apesar de incomum, pode haver necessidade de suporte intensivo e, em até 20% dos casos, ocorre miocardite ou dilatação e aneurisma das artérias coronárias, com taxa de mortalidade de 2-4%. As diretrizes de tratamento da doença de Kawasaki recomendam que para a dilatação aneurismática de coronárias (Z score 2.5-10) deve-se usar aspirina em baixas doses (3-5 mg/kg/dia) e se Z score>10, associar anticoagulação terapêutica. Pela rápida progressão da dilatação da artéria coronária direita e associação com uma doença ainda não totalmente conhecida, optou-se por anticoagulação terapêutica associada a aspirina com resultados satisfatórios. Conclusão: Embora a maioria das crianças apresentem quadro clínico brando de infecção pelo SARS-CoV-2, a SIM-P pode ocorrer após casos leves ou assintomáticos, sendo importante identificar sinais e sintomas de hiperinflamação para diagnóstico e tratamento precoces. Apesar de ainda não termos consenso sobre anticoagulação profilática nos pacientes pediátricos com COVID-19, a avaliação de risco trombótico nas crianças hospitalizadas deve ser rotineira para possível introdução de profilaxia anticoagulante.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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