Objetivos: O plasma convalescente COVID-19 (CCP) tem sido usado como terapia em pacientes graves desta infecção. O príncipio racional baseia-se na presença de anticorpos neutralizantes (nAb) na circulação de pacientes convalescentes, podendo assim, suprimir a viremia em receptores. A cinética destes nAb ainda é pouco conhecida até o momento. Materiais e métodos: Uma coorte de doadores convalescentes, todos RT-PCR+vo, masculinos e voluntários tem sido acompanhada por meio de coletas seriadas para testes de nAb (teste de neutralização viral – CPE-based VNT, GenBank: MT MT350282, cujos títulos foram transformados em logaritmo natural) e por anticorpos de ligação IgM, IgG e IgA específicos contra proteínas do nucleocapsídeo (NP) – SARS-CoV-2 ELISA – apresentados sob a forma de relação absorbância/cut-off, (S/CO). Resultados: Até o momento, 78 indivíduos foram avaliados, dentro de um período entre 14–97 dias após o término completo de sintomas (TCS). Observou-se inicialmente um declínio nos títulos de nAb (403±3 × 221±3, p=0.004) e IgA anti-NP (S/CO = 2.9±4.2 × 2.4 ±3.5, p=0.04) da primeira à terceira coleta sérica (mediana = 45 dias), seguida por uma súbita e inesperada elevação após duas coletas adicionais. Não foram observadas alterações estatisticamente significativas para os níveis de IgM e IgG anti-NP. Conclusão: Existe uma grande variabilidade nos títulos de nAb, com uma tendência de declínio ao longo do tempo. Embora este fenômeno seja evidente durante as três primeiras coletas, a súbita elevação pode ser talvez explicada por flutuações biológicas dos títulos, ou por reexposição viral após a recuperação destes indivíduos, devido ao contato ativo com outras pessoas infectadas, posto que ainda estão vivendo em ambientes acometidos pela pandemia atual. Embora a IgA anti-NP demonstre uma ampla variação, sua tendência ao declínio pode sinalizar um possível papel da IgA como importante componente de nAb. Mais estudos são necessários para o entendimento do comportamento cinético destes anticorpos.