A doença de Chagas (DC), infecção causada pelo Trypanosoma cruzi pode ser assintomática, sendo necessária a triagem sorológica em bancos de sangue como forma de controle da transmissão da infecção no ato transfusional. O diagnóstico da doença de Chagas empregado pelos serviços de hemoterapia para a exclusão de possíveis portadores são as provas sorológicas: hemaglutinação (HA), imunofluorescência indireta (IFI) e enzimaimunoensaio (ELISA). O trabalho teve como objetivo analisar a soroprevalência da DC em doa dores de sangue, em banco de sangue estado de Sergipe, no período de 2010 a 2019 e traçar o perfil epidemiológico dos portadores. Os dados foram coletados a partir das informações do banco de dados do HEMOVIDA, as variáveis pesquisadas foram; sexo, idade e procedência. As analises foram realizadas utilizando estatística descritiva. Dos 258.198 candidatos a doação de sangue no período estudado 0,25% 631 (631) tiveram sorologia positiva para doença de Chagas, sendo 79,5% (501) do sexo feminino e 20,5% (130) do sexo masculino. Do total de casos, a maior frequência de positividade para DC foi observada na faixa etária entre 14% (31–50) anos. Entre os homens a maior prevalência foi observada na faixa etária de 31–50 anos (50%), nas mulheres a maior prevalência foi observada entre os 86% (18–50) anos. Em relação ao grau de escolaridade 65% (410) indivíduos possuem nível educacional entre 1° grau incompleto e 2° grau completo. Observou-se também os candidatos à doação serem procedentes da área urbana (51,2%). Vale ressaltar que durante o período estudado, o banco de sangue apresentou em todos os anos, maior número de doadores do sexo masculino em relação ao sexo feminino e que os indivíduos reagentes deverão realizar teste confirmatório para DC. No presente estudo, o valor encontrado de 0,25% de prevalência aliado ao decaimento em média de 80 doadores reativos ao ano, nos permite afirmar que, para o estado, a ocorrência de sorologias não negativas para doença de Chagas entre os doadores de sangue não só se encontra diminuída como vem regredindo ao longo do tempo. Esse índice de indivíduos não negativos encontrados é possivelmente reflexo das medidas para a melhoria da qualidade dos serviços de hemoterapia iniciadas nos anos 80 em muitos estados brasileiros, que priorizaram a prática das doações de retorno com as fidelizadas e voluntárias, ao invés das de reposição, que frequentemente são esporádicas e com baixos índices de fidelização. Foi observada uma redução, em média, de 55 doadores reativos para doença, por ano, ao longo do período analisado. A prevalência de amostras soropositivas vem decaindo ao longo do período, no entanto, o alto percentual de casos oriundos de Sergipe entre adultos em idade ativa reflete a transmissão ativa da doença na região.