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Vol. 42. Issue S2.
Pages 180-181 (November 2020)
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RETENÇÃO URINÁRIA APÓS USO DE DECITABINA NA LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA: RELATO DE CASO
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V.R.H. Nunes, I.S.E. Pimentel, M. Kerbauy, L. Teixeira, A.A.F. Ribeiro, L.F.S. Dias, J.Z.M.D. Nascimento, C.L.M. Pereira, M.L. Wroclawski, N. Hamerschlak
Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), São Paulo, SP, Brasil
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A reação adversa à uma medicação pode ser fatal para um idoso em tratamento de leucemia mieloide aguda. Este risco pode ser reduzido com o diagnóstico precoce e suspensão da medicação. Relatamos o caso de paciente feminina, 74 anos, com diagnóstico de leucemia mielóide aguda de risco adverso (2017 European LeukemiaNet risk stratification), com mutação RUNX1, tratada com decitabina associado ao venetoclax. Recebeu 10 dias de decitabina 20 mg/m2 e venetoclax 400 mg/dia com escalonamento diário da dose (100-200-400 mg/dia). Onze dias após o término da infusão da decitabina, apresentou quadro de retenção urinária e constipação intestinal, necessitando de passagem de sonda vesical de demora (SVD) e início de agentes laxativos. Função renal permaneceu sem alterações. Na ocasião, realizada investigação urinária ampla, com urina 1 normal e pesquisas virais e bacterianas negativas. Após sete dias, foi retirada SVD, com melhora completa da retenção urinária, sem necessitar de outros procedimentos invasivos ou medicações específicas. Foi avaliada por médico urologista não sendo identificada causa específica associada aos sintomas. O venetoclax foi mantido durante todo o período. Após vinte oito dias do primeiro ciclo, recebeu nova dose de decitabina 20 mg/m2 com duração de 5 dias. Não apresentou nenhuma intercorrência nos dias da infusão. Após quatro dias do término da decitabina, a paciente evoluiu com novo quadro de retenção urinária e constipação intestinal, sem alteração da função renal ou em exames de urina. Não havia sido iniciado qualquer outra medicação, além do 2° ciclo de decitabina. Novamente, foi introduzida a sonda vesical de demora, com melhora espontânea do quadro clínico após 5 dias. A Leucemia mieloide aguda é a leucemia aguda mais comum no idoso, com a média de idade para o diagnóstico de 65 anos. O prognóstico da LMA em pacientes idosos, geralmente, é ruim devido à associação elevada com anormalidades citogenéticas e à baixa resistência ao tratamento. Muitos idosos com LMA são considerados inelegíveis para o tratamento intensivo devido importante toxicidade. Para esses pacientes, estão disponíveis algumas opções terapêuticas menos tóxicas, que visam a melhora da qualidade de vida, resolução dos sintomas, e em alguns casos, a cura da doença. A decitabina é um agente hipometilante, com perfil de menor toxicidade e, geralmente, melhor tolerado em idosos frágeis com diagnóstico de LMA. Pode ser administrado em monoterapia ou associada a outras medicações, como o venetoclax. A mielossupressão é a toxicidade mais vista durante o uso da decitabina, podendo causar, em especial, neutropenia febril e fadiga. Sintomas gastrointestinais, como a constipação intestinal relada no caso acima, podem ser encontrados em alguns casos. Porém não encontramos relatos de retenção urinária associada ao uso da decitabina. Apresentamos um caso de paciente idosa com leucemia mielóide aguda, em tratamento com decitabina, que evoluiu com retenção urinária, sem outra causa justificável, além do uso da medicação.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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