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Vol. 42. Issue S2.
Pages 482-483 (November 2020)
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Vol. 42. Issue S2.
Pages 482-483 (November 2020)
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GRUPOS DE SAÚDE COMO ABORDAGEM TERAPÊUTICA PARA PESSOAS VIVENDO EM LUTO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO RIO DE JANEIRO – RELATO DE EXPERIÊNCIA DA LIGA ACADÊMICA DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
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J.O. Silvaa, B.V. Barrosa, C.A.S.L. Smiderleb, M.C.L.D. Santosb
a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Clínica da Família Assis Valente, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
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O luto é um fenômeno particular e abrangente em que há uma perda do binômio indivíduo e seu objeto. É um evento mental, inerente à vida, que envolve a questão da individualidade dos processos psi para diferentes sujeitos, bem como o significado e circunstâncias de uma perda. Mesmo que instintivamente a concepção do luto seja relacionada a morte de um ente querido, o luto atualmente é visto como uma composição do biológico, social e psicológico, como apresentado no modelo biopsicossocial de Engel. Sabe-se que neoplasias malignas correspondem a segunda maior causa de mortalidade mundial e no Brasil, com 9,6 milhões de mortes em 2018 no mundo. Assim, muitos perdem seus entes queridos e precisarão lidar com o luto. Portanto, com a responsabilidade de coordenação do cuidado, longitudinalidade e atenção integral pertinentes à atenção primária, esta apresenta papel fundamental no acompanhamento destes indivíduos. A terapia do luto, por exemplo, é realizada por profissionais, em geral, da área da saúde mental que tenham especialização no cuidado do luto. O aconselhamento do luto pode ser realizado por profissionais de saúde com treinamento para abordar questões “cotidianas” do tema e auxiliar na evolução destes pacientes. O objetivo deste trabalho é descrever a experiência de estudantes de Medicina da UFRJ em parceria com a Liga Acadêmica e a Clínica da Família no desenvolvimento de habilidades de comunicação em notícias difíceis e participação na construção do cuidado por meio de grupos de saúde, como o Grupo de Luto “Saudade é Amor”. As atividades do grupo foram organizadas em encontros quinzenais presenciais às sextas-feiras, à tarde, entre usuários da clínica, profissionais da equipe técnica, alunos do internato e alunos das ligas acadêmicas em um espaço denominado “Lar do Idoso”, anexo à Clínica da Família. Foram realizadas duas reuniões cujo objetivo era discutir os temas pré-definidos: “Vida após a morte” e Negação (fases do luto). A metodologia de cada reunião foi definida pelo próprio mediador. Discute-se que no encontro “Vida após a morte” por meio da pergunta disparadora “Existe vida após a morte?”. Criou-se o debate sobre a existência de vida dos familiares apesar de viverem um processo relacionado à morte. Foram apresentados um vídeo sobre o luto e também uma atividade motivadora para ser realizada em casa. No segundo dia, “Pode sentir-Negação”, em uma roda de conversa foi discutida a questão da necessidade de tempo para a nomeação do evento “morte”, bem como sua superação. Encerrou-se a atividade com um momento lúdico musical cujo objetivo era permitir um intervalo de reflexão do que foi abordado no encontro. A partir dessas reuniões do grupo, constatou-se que o luto é prevalente na população adscrita à clínica, inclusive como demanda oculta, e pode ser incapacitante, além de ainda ser um grande tabu em nossa sociedade, mesmo entre profissionais da saúde. Considera-se a abordagem de tal tema essencial na formação médica bem como necessária a estruturação de redes de apoio para os indivíduos que vivem o luto.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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