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Vol. 42. Issue S2.
Pages 524 (November 2020)
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COVID-19 E PACIENTES COM DOENÇAS HEMATOLÓGICAS CRÔNICAS: IMPACTOS PSICOSSOCIAIS E RECURSOS DE ENFRENTAMENTO
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E.A.O. Cardosoa, J.H.C.D. Santosa, P.P.B. Solab, A.D. Rossia, S.C. Pillonc, B.C.A. Silvaa, J.T. Garciaa, A.C.S. Pintob, L.C.O. Oliveirab, M.A.D. Santosa
a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
b Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil
c Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
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Objetivo: Analisar a percepção dos impactos emocionais e comportamentais da pandemia de COVID-19 em indivíduos com doenças hematológicas crônicas, atendidos em um Hemocentro do interior de São Paulo. Método: Trata-se de estudo transversal, descritivo-exploratório, com abordagem qualitativa. A amostra de conveniência foi composta por 27 indivíduos, 19 mulheres e oito homens, com média de idade de 36,7 anos (DP = 16,7). O diagnóstico mais frequente foi Anemia Falciforme (51,8%). Foi utilizado formulário on-line, cujos dados numéricos foram tabulados e analisados quantitativamente.Resultados : A definição mais utilizada para a COVID-19 foi: uma doença derápida disseminação e que pode matar. Essa percepção vem acompanhada por sofrimento emocional: sintomas de ansiedade (n = 19), insônia (n = 15), piora na qualidade de vida (n = 15), pensamentos sobre a morte (n = 15), dificuldade de concentração (n = 14), tristeza (n = 14) e crises de choro (n = 11). Chama a atenção aideação suicida relatada por quatro participantes e o aumento do uso de álcool (n=3); 18 participantes referiram sentir prejuízo em seu bem-estar depois de ouvirem o noticiário diário. A maior parte (n = 19) acredita que o distanciamento social é necessário, mas apenas 44% evitam sair de casa mais de uma vez por semana. Os cuidados mais comuns são: uso de máscara e higienização das mãos com álcool em gel. Ao voltarem para casa, a maioria toma banho, troca a roupa e lava a máscara (74%). A insegurança quanto a sair de casa se estende aos retornos médicos (70%). Apesar do medo, sentem necessidade das consultas presenciais, em especial porque têm dúvidas tais como: quão aumentado é seu risco e onde farão a testagem e receberão tratamento caso sejam infectados pelo novo coronavírus. O teleatendimento ainda é visto com reserva(63%), apesar de somente quatro terem recebido essa modalidade de intervenção. Quantos aos 15 que receberam atendimento presencial, 60% julgaram que os profissionais foram mais objetivos e menos atenciosos. Apesar dessas injunções, 72% se mostraram satisfeitos com a atuação do SUS durante a pandemia e 52% passaram a ter uma avaliação mais positiva do sistema de saúde público. A principal estratégia para lidar com os desafios atuais é a busca de apoio social, sendo que a maioria se mostrou satisfeita com o suporte recebido (77%); alguns relataram aumento dos conflitos familiares (n = 7), em especial por questões econômicas (nove relataram perda financeira); 52% mencionaram o aumento da fé e a convicção de que, com a pandemia, se tornaram pessoas melhores. Apesar da efetividade dessas estratégias, 56% afirmaram necessitar de atendimento psicológico durante a pandemia. Discussão: Os resultados evidenciam o impacto emocional do isolamento social nos pacientes com doenças hematológicas crônicas e a necessidade de adaptação do atendimento pela equipe de saúde. Notou-se que há insegurança quanto à modalidade presencial, mas também certa desconfiança acerca da eficácia do teleatendimento. Considerando-se a importância de prover atenção contínua a esses pacientes, sugerem-se ações de aproximação da equipe na modalidade on-line, que em um primeiro momento podem acontecer de maneira assíncrona, como envio de vídeos informativos. No serviço em questão foram produzidos vídeos de orientação commateriais lúdicose implementado grupo semanal parasuportepsicológico remotoaos que manifestaram necessidade de apoio emocional. Tais intervenções têmse mostrado efetivas no acolhimento dos pacientes.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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