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Vol. 42. Issue S2.
Pages 518-519 (November 2020)
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ATENDIMENTO A PESSOAS COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: EXPERIÊNCIA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR DO HC-FMUSP
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F. Cassisa, C. Rothschilda, E. Sandovala, L.A.V.S. Jra, F.E.S. Fariasa, R.D. Lopesa, V.N. Santosa, V. Oliveiraa, V. Rochaa,b, P. Villacaa,b
a Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
b Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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Introdução: A pandemia de COVID-19 constitui um desafio à atenção aos pacientes com coagulopatias hereditárias, podendo dificultar o acesso ao tratamento e ao atendimento especializado a esses pacientes, além de impactar na redução de salários e empregos e no risco de contágio pelo vírus, com impacto ainda desconhecido para esses pacientes. Em início de março de 2020 o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) foi indicado como referência para o atendimento a pacientes com COVID-19 e, de 30 do mesmo mês a julho, o Instituto Central do HC-FMUSP se tornou exclusivo para essa finalidade. Frente à nova realidade, a equipe do Centro de Hemofilia reestruturou sua forma de atendimento. O objetivo deste relato é descrever as diversas estratégias, ações e experiências no período descrito acima. Material e métodos: Foram envolvidos todos os profissionais das diferentes áreas de atuação da equipe interdisciplinar: administrativa, de enfermagem, farmácia, fisioterapia, laboratório, médica, odontológica, psicológica e serviço social. Por meio de diversas reuniões, as necessidades no período de isolamento, de deslocamento do atendimento emergencial e as ações necessárias para supri-las foram elencadas. Os dados de atendimento nesse período foram levantados a partir de prontuários e registros telefônicos. Para atender às necessidades estabelecidas, foram determinadas as seguintes estratégias: (1) suspensão de procedimentos eletivos, (2) continuidade dos tratamentos fisio e psicoterápicos já iniciados, de maneira virtual; (3) atualização do cadastro dos pacientes; (4) disponibilização de dois números de telefone: um para esclarecimento de dúvidas e apoio e outro para comunicação com a farmácia; (5) distribuição de concentrado de fator presencial, com liberação de maior quantitativo; (6) definição de novo fluxo de atendimento emergencial; (7) busca de redes de apoio para suporte social das famílias carentes; (8) revisão periódica das ações, com ajustes pertinentes. Resultados: As principais necessidades de atendimento consideradas foram: acesso aos produtos hemostáticos para continuidade de tratamento; atendimento a intercorrências hemorrágicas; preparo para procedimentos invasivos não eletivos; orientação técnica a dúvidas dos pacientes. Inicialmente houve receio por parte dos pacientes em comparecem ao Centro, tanto para avaliação de intercorrências quanto para a retirada de concentrado de fatores para tratamento domiciliar. Nos primeiros dez dias de isolamento, 50% dos pacientes faltaram aos agendamentos da farmácia, o que foi normalizado após contato telefônico. Em relação às intercorrências, houve redução na média de atendimento mensal, embora 25% dos pacientes tenham apresentado sangramentos graves (SNC, digestivo, hematoma em ileopsoas) ou cirurgia de urgência. Devido ao impacto sócio-econômico da pandemia, duplicou o número de famílias carentes, tendo sido possível garantir dois meses de distribuição de cestas básicas. A comunicação por Whatsapp foi muito bem recebida e apreciada pelos pacientes. Discussão/conclusão: O trabalho em equipe foi fundamental para gerar mudanças positivas tanto nos profissionais, quanto na forma de atendimento aos pacientes. Apesar da pandemia, os diversos ajustes e ações de contingência garantiram o atendimento integral das pessoas com coagulopatias hereditárias, permitindo uma passagem mais suave por este período tão inédito e desafiador.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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