Objetivos: Relatar os aspectos clínicos de quatro pacientes com anemia falciforme com diagnóstico da COVID-19 acompanhados no ambulatório do HEMOES. Material e métodos: Foi realizado um levantamento dos dados de prontuário, resumo de alta hospitalar e entrevista clinica nos pacientes com doença falciforme que desenvolveram COVID-19. Resultados: De um total de 338 pacientes acompanhados no ambulatório, 1% apresentou diagnóstico da COVID-19, 75% com o fenótipo SS e 25% com o fenótipo SC. Todos os pacientes eram da Grande Vitória. O diagnóstico foi realizado por RT-PCR de swab nasal em 75% e 25% por exame sorológico (IgG positivo). Nenhum paciente relatou contato com caso suspeito ou confirmado da COVID-19. A metade deles necessitou de internação hospitalar, nenhum necessitou de internação em UTI, apenas 25% necessitou de oxigenioterapia. Dois pacientes (50%) necessitou de transfusão sanguínea. Todos utilizavam a hidroxiureia para o tratamento da doença de base. Os sintomas mais prevalentes foram febre (4/4), odinofagia (3/4) e dor muscular (3/4). Um paciente (25%) apresentou quadro neurológico atípico com distúrbio de marcha e mantém acompanhamento com neurologista para elucidação desta seqüela. Nenhum paciente apresentou quadro de crise álgica ou síndrome torácica aguda durante a infecção pelo coronavírus. Discussão: A pandemia da COVID -19 trouxe vários desafios para os pacientes que já apresentavam outras co-morbidades. Os pacientes com doença falciforme, em geral, necessitam de atendimento em emergências por outros motivos e a principio são considerados de risco devido ao comprometimento do sistema imune. Nessa amostra todos os pacientes adquiriam a doença por provável infecção comunitária, nenhum caso apresentou vinculo temporal com atendimento em instituições de saúde. A síndrome torácica aguda é uma das principais causas de mortalidade entre portadores da doença falciforme podendo ser desencadeada por infecções respiratórias e, portanto, é uma preocupação de complicação desses pacientes. Na amostra analisada os pacientes apresentaram sintomas leves, apenas um caso apresentou-se de maneira atípica com seqüela neurológica. Uma série de quatro casos publicados pelo Reino Unido chamou a atenção para as complicações respiratórias desenvolvidas por pacientes com esse diagnóstico, o que não foi observado em nossa série de casos. Conclusão: Em geral os pacientes apresentaram quadro leve da COVID-19, entretanto é necessário atenção para o agravamento da anemia com necessidade transfusional, independente da presença de crise álgica, síndrome torácica aguda ou outra apresentação típica da anemia falciforme.
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Vol. 42. Issue S2.
Pages 517-518 (November 2020)
Vol. 42. Issue S2.
Pages 517-518 (November 2020)
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ASPECTOS CLÍNICOS DA COVID-19 EM PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME DO CENTRO DE HEMOTERAPIA E HEMATOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO
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S.S. Marcondes, A.N.L. Prezotti, J.S.M. Duarte, M.B. Silveira, L.L. Montezi, M.A. Aduan, M.D.P.S.V. Orletti, C.S. Silva, D.M.D.C. Rocha
Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (HEMOES), Vitória, ES, Brasil
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