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Vol. 42. Issue S2.
Pages 374 (November 2020)
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ADAPTAÇÕES DA HEMORREDE DO CEARÁ EM MEIO À PANDEMIA POR COVID-19
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V.C. Pereira, D.M. Brunetta, L.M.B. Carlos, N.M.L. Oliveira, A.C.L. Rocha, L.E.M. Carvalho, F.A.C. Silva, M.I.A. Oliveira, L.A.B. Rodovalho, M.M. Moreira
Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE), Fortaleza, CE, Brasil
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Objetivos: O presente trabalho visa demonstrar as consequências da pandemia por COVID-19 ao funcionamento de uma hemorrede e as estratégias utilizadas para manutenção da oferta de hemocomponentes, com segurança e qualidade. Material e métodos: Trata-se de estudo descritivo dos impactos da pandemia por COVID-19 para a hemorrede pública do estado do Ceará e das ações implementadas para adequada manutenção dos serviços prestados. Resultados: Os primeiros casos de COVID-19 no estado do Ceará foram oficialmente confirmados a partir de meados de março de 2020, com aumento significativo dos mesmos desde então. Fazendo a análise comparativa das doações entre o 1° e o 2° trimestre do ano, observamos queda de 15%. As transfusões no mesmo período apresentaram queda menor, de 12%. Diversas ações foram realizadas para garantir o atendimento à demanda, as quais estão descritas e categorizadas abaixo: a) Promoção da segurança ao doador: 1- realização de coletas por agendamento online; 2- manutenção de pontos fixos de coletas em locais diversos da capital, reduzindo as dificuldades com deslocamentos; 3- disponibilização de álcool em gel e máscaras para colaboradores e doadores; 4- limitação do número de coletas simultâneas; 5- demarcação de cadeiras para manutenção de adequado distanciamento entre candidatos; b) Promoção da captação: 6- uso do aplicativo Whatsapp® para comunicação com os doadores; 7- uso de ligações telefônicas para sensibilizar candidatos à doação; 8- estabelecimento de novas parcerias para coletas externas, como supermercados, farmácias e condomínios; c) Otimização da produção e da distribuição de hemocomponentes: 9- incremento de um ponto de coleta por aférese no interior do estado; 10- unificação da produção entre dois hemocentros do interior geograficamente próximos; 11- redistribuição de hemocomponentes entre as unidades da hemorrede de acordo com demanda local; d) Promoção do uso racional de hemocomponentes: 12- controle da liberação de concentrado de plaquetas, com avaliação obrigatória de hemoterapeuta; 13- intensificação dos contatos com médicos prescritores. Discussão: O vírus SARS-CoV2 causa doença de alta taxa de contágio e com vasto espectro de gravidade. Até a primeira semana de julho, foram registrados 122.000 casos no Ceará, com uma letalidade estimada em 5,3%. Como medidas de contenção a essa pandemia, tem-se praticado o distanciamento social e o isolamento de casos suspeitos e confirmados. A pandemia traz um risco significativo de desabastecimento de hemocomponentes, relacionado a fatores como: grande número de pessoas infectadas que ficam temporariamente impossibilitadas de doar; receio do doador de se contaminar ao sair de casa; dificuldades de deslocamento por barreiras sanitárias e redução da oferta de transporte coletivo. Apesar do aumento significativo de pessoas com quadros de insuficiência respiratória aguda grave internados dentro de um curto período, não observamos aumento de demanda transfusional, provavelmente relacionado à concomitante suspensão de procedimentos cirúrgicos eletivos. As ações implementadas no período permitiram o atendimento da demanda, possibilitando inclusive o envio de 200 concentrados de hemácias para outras unidades da hemorrede nacional. Conclusão: No contexto de uma pandemia, são necessárias ações gerenciais imediatas que garantam a manutenção do equilíbrio entre doações e demanda transfusional.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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