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Vol. 42. Issue S2.
Pages 295 (November 2020)
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SCOPULARIOSE INVASIVA EM PACIENTE IMUNOSSUPRIMIDO: RELATO DE CASO
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C. Voltarelli, B.C. Tan, L. Costa, R. Pasquini, V. Funke
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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Descrevemos um caso de infecção disseminada fatal por Scopulariopsis sp. em paciente com DECHc após transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas não aparentado compatível 9/10 para Mielodisplasia, diagnosticada em 2014. Paciente masculino de 59 anos, DECHa grau III de pele, fígado e olho, tratado com prednisona. Houve perda de seguimento em 2017, quando foi diagnosticado com DECHc. Retorna em março de 2020, em uso de prednisona em baixa dose desde 2017 e com quadro pulmonar infeccioso, além de DECHc de pele, olho, fígado, boca e provável pulmão, grau grave e sem características de risco. Em abril de 2020, após três internações prévias por quadro respiratório, uma TC de tórax revelou lesão escavada sugerindo infecção fúngica, iniciou voriconazol. Também apresentava diarreia por C. difficile que foi tratada. Retorna após um mês com piora da dispneia e do padrão pulmonar em TC em uso de voriconazol oral. Iniciou voriconazol endovenoso. Em maio, durante procedimento de broncoscopia houve sangramento pulmonar e internamento em UTI. Lavado broncoalveolar sugeriu quadro viral por CMV, iniciando ganciclovir. Em junho, como havia áreas em vidro fosco na TAC de tórax sugestivas de quadro viral realizou sorologia para COVID-19, tendo como resultado IgG positivo. Foi então realizado RT-PCR negativo para COVID-19. Nova TC mostrou infiltrado em vidro fosco, nódulo com sinal do halo, consolidação e derrame pleural bilateral. Piora do quadro pulmonar com dispneia e tosse produtiva. Pesquisa e cultura de escarro mostrou crescimento de Scopulariopsis sp., sendo iniciados Itraconazol e Anfotericina B lipossomal. Não houve resposta ao tratamento, evoluindo com piora clínica progressiva, vindo a óbito em julho por insuficiência respiratória. Pacientes imunocomprometidos possuem risco maior de infecções fúngicas oportunistas devido a diversos fatores. Os principais fatores de risco incluem neutropenias graves, catéteres vasculares e urinários, disruptura da mucosa gastrointestinal ou orofaríngea por quimioterapia, uso de antibióticos de amplo espectro e terapia com corticosteroides para DECH. Raramente causa infecções invasivas, o fungo filamentoso não dermatófito Scopulariopsis sp. está mais associado a onicomicoses. Há altas taxas de resistência desses fungos a praticamente todos os antifúngicos usados atualmente, incluindo anfotericina B e voriconazol, que estão entre os medicamentos mais usados para a profilaxia e tratamento de primeira linha de infecções sistêmicas por fungos. Há um número crescente, porém ainda restrito, de infecções por esse agente em hospedeiros imunocomprometidos. Seu diagnóstico é difícil e não há manifestações clínicas específicas, não há sorologia disponível, sendo necessária cultura e exame micológico direto. Nosso paciente possuía como fator de risco história de DECH com uso contínuo de corticosteroides e infecção por CMV. Não é possível afirmar qual o papel da infecção prévia por COVID-19 no desfecho deste caso pois o diagnóstico foi sorológico mas a coinfecção por fungo e SARS COV-2 tem sido relatada em pacientes imunossuprimidos. A terapia apropriada para infecções por Scopulariopsis ainda não foi definida. Trata-se de um fungo resistente à variedade de drogas empregadas. Assim, mais estudos são necessários para definir a melhor conduta nestes casos, além de demonstrar a importância de um diagnóstico etiológico precoce e preciso das infecções fúngicas invasivas potencialmente fatais em pacientes imunocomprometidos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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