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Vol. 42. Issue S2.
Pages 393 (November 2020)
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LESÃO PULMONAR AGUDA ASSOCIADA À TRANSFUSÃO: UMA REVISÃO
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A.C.C. Souzaa, J.T.B. Maiaa, M.V.M. Melloa, F.A.A.E.S. Júniorb
a Universidade Potiguar (UnP), Natal, RN, Brasil
b Hemocentro do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil
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Objetivos: Analisar a gravidade da lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão (TRALI) e abordar suas características clínicas e fisiopatológicas frente à sua alta morbimortalidade. Material e métodos: Estudo de revisão bibliográfica realizado por meio das bases de dados Scielo, PubMed e MEDLINE, tendo como critérios de inclusão artigos entre 2017 e 2020. Resultados: A TRALI é uma grave complicação transfusional que ocorre com maior frequência em adultos e raramente em crianças. Estima-se a ocorrência de TRALI em 1:5000 unidades transfundidas, entretanto essa incidência é incerta devido ao escasso conhecimento da reação e aos casos subnotificados. O achado clínico característico é o início agudo de insuficiência respiratória hipoxêmica durante ou após a transfusão sanguínea. Também podem ser encontrados infiltrados pulmonares na radiografia de tórax, secreções espumosas das vias aéreas rosadas do tubo endotraqueal (caso o paciente esteja intubado), febre, hipotensão e cianose. Discussão: A TRALI é uma complicação incomum e grave que acomete ambos os sexos e todas as idades, sendo mais comum em adultos e pouco descrita em crianças. Pode aparecer durante ou 6 horas após a transfusão, tendo relação direta com o tempo de procedimento e está entre as principais causas de morbimortalidade relacionada à transfusão na maioria dos países desenvolvidos. O diagnóstico é clínico-radiológico e deve ser suspeitado sempre que um paciente desenvolver insuficiência respiratória hipoxêmica durante ou logo após a transfusão de qualquer produto sanguíneo. O diagnóstico é estabelecido pelos critérios definidos pela National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI), bem como pela Canadian Consensus Conference (CCC), sendo eles: início agudo de hipoxemia (PaO2/FiO2 ≤ 300 ou SpO2 < 90% no ar ambiente), infiltrados bilaterais na radiografia de tórax frontal e ausência de sobrecarga circulatória como etiologia primária da insuficiência respiratória. Para um diagnóstico de TRALI, todos esses recursos devem estar presentes. A patogênese dessa reação transfusional ainda não é bem estabelecida, mas sabe-se que os neutrófilos contribuem, essencialmente, para sua ocorrência. Inicialmente, ocorre o sequestro e preparação de neutrófilos na microvasculatura pulmonar, devido a fatores receptores, como lesão endotelial, seguido da ativação de neutrófilos receptores por um fator, os quais podem incluir anticorpos no componente sanguíneo direcionados contra antígenos receptores ou fatores solúveis, como lipídios bioativos, no produto sanguíneo. Eventos TRALI são observados em todos os componentes do sangue, incluindo sangue total, sendo o risco de TRALI maior com plasma e plaquetas do que com hemácias ou com sangue total. Em caso de suspeita, deve-se suspender a transfusão imediatamente. O tratamento consiste em manutenção das funções vitais, administração de oxigênio, suporte ventilatório mecânico e suporte hemodinâmico. Pacientes com TRALI em tratamento progridem para melhora ao longo de 48–96 horas e a radiografia de tórax deve mostrar melhora ao longo de quatro dias. O dano pulmonar causado na TRALI é aguda e espera-se que não ocorram sequelas. Conclusão: Devido a sua gravidade, torna-se fundamental dar ênfase a esse tema, visto que 25% dos adultos com TRALI morrem. Sendo assim, é importante ter um conhecimento adequado da doença com o objetivo de reconhecer e executar medidas precoces e efetivas de tratamento.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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