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Vol. 42. Issue S2.
Pages 393-394 (November 2020)
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Vol. 42. Issue S2.
Pages 393-394 (November 2020)
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LESÃO PULMONAR AGUDA RELACIONADA A TRANSFUSÃO (TRALI): RELATO DE CASO
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D.M.M. Simões, V.C. Silva, M. Addas-Carvalho, M.M. Magnus, A.C.G. Mateus, E.G. Guariento
Centro de Hematologia e Hemoterapia, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brazil
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Introdução: Lesão pulmonar aguda relacionada a transfusão (TRALI) é uma reação transfusional caracterizada por uma síndrome respiratória, causada por edema pulmonar de origem não cardiogênica, que se inicia em até 6 horas após a transfusão. A forma imune é responsável por 80% dos casos, em que ocorre a transfusão passiva de anticorpos contra antígenos leucocitários humanos (HLA) ou antígenos de neutrófilos (HNA). O restante dos casos (20%), é desencadeada por fatores modificadores da resposta biológica não-anticorpos. Esse relato demonstra um caso raro de TRALI imune que ocorreu pela transfusão de concentrado de hemácias pobre em leucócitos (CH-PL). Objetivo: O objetivo é abordar um caso não usual, associado a transfusão de componente com baixa contaminação plasmática, e revisar as definições atuais, fisiopatologia, fatores de risco e intervenções para prevenção. Relato do caso: PECL, masculino, 52 anos, admitido em emergência devido a politrauma por acidente automobilístico. À admissão apresentava-se instável hemodinamicamente, sendo necessário ressuscitação volêmica e transfusão de CH e PFC. Manteve necessidade de droga vasoativa e oxigenioterapia (cateter O2, 7 L/min). Logo após uma das transfusões de CH-PL em solução de SAG-M, apresentou piora do padrão respiratório, com hipoxemia (PO2: 59 mmHg e SatO2: 92%). Paciente possuía fatores de risco para TRALI e TACO (sobrecarga circulatória após a transfusão), como lesão pulmonar prévia pelo trauma, balanço hídrico positivo e choque hemodinâmico. Em investigação conduzida, o CH-PL, temporalmente associado a manifestação, havia sido obtido de doadora do sexo feminino, com duas gestações anteriores. A investigação laboratorial realizada demonstrou um teste de reatividade de painel anti-HLA (LABScreen™ Mixed Class I & II, One Lambda, USA), com resultado de 50% para HLA classe II (Ratio/MFI: 68,9/3.419). No teste específico para identificação dos anticorpos, foram identificados anti-DR4 (MFI: 9525) e DQA3 (MFI: 4250) (LABScreen™ Single Antigen HLA Class I and II, One Lambda, USA). Em tipagem HLA do receptor, identificou-se tais loci gênicos em homozigose (A02,31; B35,49; DRB1*04; DQA1*03 e DQB1*03) (LABType® CWD, One Lambda, USA). Diante do quadro, concluímos o diagnóstico de TRALI imunomediado por anticorpos anti-HLA classe II. Discussão: Os fatores de risco do paciente associados à ocorrência de TRALI eram lesão pulmonar decorrente do trauma, choque circulatório, balanço hídrico positivo e elevação de marcadores inflamatórios. Tais fatores, associados a presença de anticorpos anti-HLA no hemocomponente, apesar do baixo volume plasmático, desencadearam a reação transfusional (RT). A presença de anticorpos do doador contra antígenos em homozigose do receptor pode explicar a ocorrência não usual, considerando a alta concentração antigênica no leucócito do receptor. Apesar de TRALI ser um evento raro, é uma reação grave, com alta morbi/mortalidade. Assim, estratégias de seleção de hemocomponentes obtidos de doadores do sexo feminino com antecedentes gestacionais devem ser discutidas e eventualmente, após a análise de impacto no abastecimento, associada a avalição do risco de ocorrência de TRALI considerando características clínicas e/ou laboratoriais dos receptores.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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