HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA trombofilia é uma condição de anormalidade do sistema de coagulação que favorece o desenvolvimento de eventos tromboembólicos, podendo ser hereditária ou adquirida. A hereditariedade está associada à mutação nos genes ligados à produção dos fatores hemostáticos e, de acordo com a etiologia, a trombofilia pode ser dividida entre alto risco e baixo risco. A predisposição à formação de coágulos é um componente da Tríade de Virchow e, assim, tem como manifestação mais comum o Tromboembolismo Venoso (TEV), sendo as gestantes o grupo populacional com maior risco. Os anticoagulantes orais diretos (DOACs) se apresentaram como fármacos novos que oferecem opção terapêutica ao tratamento anticoagulante e seu uso expressa aumento exponencial nos últimos anos.
ObjetivosCompreender a indicação dos DOACs na terapia do TEV nos pacientes portadores de trombofilia hereditária.
Material e métodosTrata-se de um estudo narrativo, do tipo revisão de literatura, baseado em pesquisa realizada nas bases de dados científicos PubMed e SciELO e em protocolos disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde. Os Descritores em Ciências de Saúde (DECS) usados foram: “trombofilia”, “tromboembolismo”, “medicamentos anticoagulantes”, “DOACs”.
Discussão e ConclusãoO risco tromboembólico associado às trombofilias hereditárias indica o manejo dessa condição iniciando pelas medidas de mudança de estilo de vida, como cessação do tabagismo, combate ao sedentarismo, alimentação saudável e uso de meias de compressão. No tratamento da TEV na trombofilia, antes do ano de 2013, predominantemente eram prescritos os Antagonistas da Vitamina K (AVKs), a varfarina, e após isso, excederam as prescrições dos anticoagulantes orais diretos ‒ dabigatrana, rivaroxabana, apixabana, edoxabana e betrixabana. Os DOACs têm como mecanismo de ação a inibição direta do fator Xa ou da trombina e suas vantagens em relação aos AVKs incluem menos requisitos e menor frequência de monitoramento, efeitos de início e término do medicamento mais imediatos e menos interações medicamentosas e alimentares. A recomendação para o DOAC tem contraindicações, como indivíduos com insuficiência renal grave, pelo risco de acúmulo do fármaco e consequente aumento da probabilidade de sangramento; síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, especialmente nas formas de alto risco, caracterizadas por tripla positividade e histórico de eventos trombóticos recorrentes, devido à menor eficácia observada em comparação aos AVKs; extremos de peso corporal, pela escassez de evidências robustas sobre eficácia e segurança nesses grupos; e profilaxia de trombose em pacientes portadores de válvula mecânica, nos quais estudos clínicos demonstraram aumento da incidência de trombose valvar e de complicações hemorrágicas com o uso de dabigatrana em comparação à varfarina, evidenciando que os DOACs não oferecem proteção adequada nesse cenário e, portanto, os AVKs são o padrão terapêutico estabelecido. A duração da terapia de anticoagulação é determinada pela avaliação dos riscos de recorrência de TEV e sangramento relacionado ao anticoagulante. Sendo assim, apesar das limitações de evidência em subgrupos específicos, o uso crescente dos anticoagulantes orais em pacientes portadores de trombofilia reflete o potencial para otimizar o manejo anticoagulante, principalmente por sua importância na abordagem do sangramento agudo e periprocedimental, melhorar a adesão e qualidade de vida dos pacientes, destacando a necessidade de estudos adicionais que consolidem sua eficácia e segurança nesse contexto.




