A doação de sangue é um ato essencial para salvar vidas, mas a adesão entre estudantes de medicina ainda é limitada. Apesar do maior acesso à informação e envolvimento com a área da saúde, muitos estudantes não doam sangue por medo, desinformação ou dificuldades logísticas. Entender os fatores que influenciam esse comportamento é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de incentivo e engajamento dessa população específica.

Investigar o perfil dos estudantes de medicina que doam sangue, identificar os principais fatores motivadores e barreiras que influenciam essa prática, além de avaliar o papel das campanhas institucionais na promoção da doação entre universitários da área da saúde.

Estudo transversal com estudantes que participaram do projeto “Você Faz o Nosso Tipo”, promovido pela Faculdade São Leopoldo Mandic de Araras em parceria com o Hemocentro de Campinas. Foi aplicado um questionário abordando aspectos sociodemográficos, histórico familiar de doação e razões para doar ou não doar sangue. A análise estatística foi descritiva, utilizando o software Jamovi para cálculo de médias, proporções e desvio padrão. O projeto teve aprovação do Comitê de Ética (CAAE 70610423.3.0000.5374).

Participaram 52 estudantes, sendo 69,2% do sexo feminino, com média de idade de 23,9 anos. Os principais motivadores para doar foram altruísmo (84,6%) e ter conhecimento e/ou afinidade com alguém que necessita ou já precisou de transfusão. Entre os que não doaram, as justificativas incluíram não atender aos pré-requisitos (17,3%), falta de tempo (3,8%) e medo de efeitos adversos (3,8%). A maioria (63,5%) já havia doado pelo menos uma vez.

Conforme descrito na literatura, o altruísmo e as conexões interpessoais são fatores centrais na decisão de doar sangue. As barreiras relatadas refletem uma combinação de fatores emocionais, logísticos e desconhecimento. Campanhas regulares e ações educativas no ambiente acadêmico têm potencial de superar esses obstáculos, além de formar novos doadores regulares, uma vez que os médicos são exemplos e perpetuadores de responsabilidades sociais. Destaca-se também a importância da atuação dos centros acadêmicos e suas respectivas ligas e as parcerias com hemocentros para a realização desses eventos. A motivação para doar sangue entre estudantes de medicina está fortemente associada ao desejo de ajudar o próximo, mas ainda existem barreiras importantes a serem enfrentadas. A promoção de ações educativas e campanhas institucionais regulares é uma estratégia promissora para ampliar o engajamento e aumentar o número de doadores entre futuros profissionais da saúde. A inclusão desse tema nos currículos da graduação pode fortalecer o compromisso social desde a formação.