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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 1635
Acesso de texto completo
DESCRIÇÃO DAS INDICAÇÕES DE SANGRIA TERAPÊUTICA NO HEMOCENTRO DO ACRE: UM ESTUDO RETROSPECTIVO (2007‒2025)
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20
YS de Sousaa, RCA Carvalhoa, PJ Coutinhoa, DC Smielewskia, ADM Alexandreb, LA Lomonacoa, TCP Pinheiroa
a Universidade Federal do Acre (UFAC), Rio Branco, AC, Brasil
b Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), Rio Branco, AC, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A sangria terapêutica, indicada para reduzir viscosidade sanguínea ou sobrecarga de ferro, é tratamento clássico em eritrocitoses e hemocromatoses. Apesar de essencial para o manejo clínico e epidemiológico, o registro das indicações de sangria terapêutica é pouco explorado em estudos regionais e nacionais.

Objetivos

Descrever o perfil de indicações das sangrias terapêuticas no estado do Acre.

Material e métodos

Estudo retrospectivo descritivo com dados (sexo, idade, indicação) de pacientes submetidos à sangria terapêutica no hemocentro do Acre (fev/2007‒jul/2025). As indicações foram categorizadas: diagnósticos com etiologia primária confirmada (e.g., Policitemia Vera/hemocromatose primária) foram classificados como “Primários”; indicações associadas a uma causa secundária bem documentada (e.g., DPOC, terapia hormonal) foram agrupadas como “Secundárias”; termos genéricos pouco esclarecedores (e.g., “poliglobulia”/”hiperferritinemia”) como “Não Especificados”; fichas sem justificativa foram classificadas como “ausência de registro”.

Resultados

Foram incluídos 596 pacientes, sendo 85,6% (510) do sexo masculino. A média de idade foi 47,9 anos, com desvio-padrão de 12,4. Do total, 44,3% (264) realizaram uma única sangria e 55,7% (332) realizaram duas ou mais durante o período analisado. As indicações foram: eritrocitose não especificada em 45,1% (269), eritrocitose primária em 5,5% (33), eritrocitose secundária em 8,7% (52), hiperferritinemia não especificada em 13,1% (78), hiperferritinemia primária em 9,2% (55), hiperferritinemia secundária em 1,8% (11) e ausência de registro de indicação em 16,4% (98).

Discussão

O predomínio masculino observado é compatível com a epidemiologia conhecida de predomínio de eritrocitoses secundárias e hiperferritinemia primária em homens, influenciada por fatores como ausência de perdas menstruais e maior prevalência de doenças pulmonares, cardiovasculares e pelo uso de terapias hormonais. Mais da metade dos pacientes apresentou indicações que resultaram em múltiplas sangrias, compatíveis com condições crônicas ou recidivantes. Entre os que realizaram apenas uma sangria, é possível considerar perda de seguimento, abandono terapêutico ou indicações pontuais, como policitemia secundária transitória, cuja indicação para sangria é restrita a situações de hiperviscosidade sintomática ou risco trombótico. A maioria das indicações esteve relacionada a eritrocitoses, seguida por hiperferritinemias e, por último, casos sem registro formal. As formas primárias de eritrocitose e hiperferritinemia são indicações reconhecidas para sangria terapêutica, enquanto as secundárias, justificadas apenas em cenários específicos, tiveram suas causas raramente documentadas, incluindo relatos de DPOC, uso hormonal, pós-transplantes e raros casos de porfiria. A elevada proporção de procedimentos sem indicação registrada ou com diagnóstico genérico compromete o planejamento terapêutico, dificulta a estratificação de risco e limita a análise científica, podendo incluir procedimentos realizados sem confirmação da real necessidade.

Conclusão

O alto número de indicações inespecíficas reforça a necessidade de protocolos diagnósticos e registros padronizados essenciais para o manejo individualizado e a análise epidemiológica das sangrias terapêuticas no Acre.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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