HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs Anemias Nutricionais (AN) caracterizam-se pela deficiência de nutrientes essenciais para a eritropoiese, como ferro, ácido fólico e vitamina B12, representando um relevante problema de saúde pública em grupos mais vulneráveis. Fatores socioeconômicos e geográficos, como a Insegurança Alimentar (IA) e o acesso limitado aos serviços de saúde, exercem influências significativas na suscetibilidade e desfecho dessas condições. Identificar e compreender os padrões de mortalidade por AN, como sexo, faixa etária e raça/cor, se faz necessário para subsidiar intervenções eficazes na saúde brasileira.
ObjetivosInvestigar os índices de mortalidade por AN no Brasil entre 2020 e 2024, considerando fatores como sexo, idade e raça/cor, além de analisar como aspectos socioeconômicos e a IA influenciam esses dados.
Material e métodosRevisão quantitativa baseada em dados de mortalidade por AN (CID-10 D50–D53) no Brasil (2020–2024), extraídos do Painel de Monitoramento da Mortalidade do Ministério da Saúde. Analisaram-se sexo, raça/cor e faixa etária. O embasamento teórico incluiu cinco artigos (2020–2025) com foco na epidemiologia em questão, selecionados nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico, com os termos “anemia”, “mortalidade” e “deficiências nutricionais”.
Discussão e ConclusãoNo período de 2020 a 2024, foram registrados 3.417 óbitos por AN no Brasil. O sexo feminino apresentou leve predominância, com 1.718 mortes (50,27%), frente a 1.699 (49,72%) em homens. A região Sudeste (SE) concentrou a maior proporção dos óbitos (37,37%), seguida pelo Nordeste (NE) (35,03%). Houve aumento expressivo das mortes após os 80 anos, totalizando 1.672 óbitos (48,93%), sendo 957 em mulheres e 715 em homens. Quanto à raça/cor, brancos e pardos foram os mais afetados, com 1.526 e 1.435 óbitos, respectivamente, somando 86,65% do total. Além disso, um estudo apontou prevalência de 23% de AN em gestantes brasileiras, sendo a Anemia Ferropriva (AF) a principal causa. Apesar de o SE apresentar os maiores números absolutos de óbitos por AN no Brasil, o NE registrou os maiores coeficientes proporcionais devido a população total de cada região, indicando uma sobrecarga persistente em territórios historicamente marcados pela IA e menor cobertura assistencial. Essa alta prevalência no NE sugere disparidades socioeconômicas, como menor acesso a serviços de saúde, dieta inadequada e maior incidência de doenças infecciosas, que agravam a anemia. A predominância feminina (50,27%) e a prevalência de 23% em gestantes reforçam a vulnerabilidade de mulheres, especialmente devido à AF, associada a necessidades nutricionais elevadas na gravidez. A concentração de óbitos em idosos (48,93%) pode indicar comorbidades e fragilidade na atenção primária. A distribuição racial (brancos e pardos, 86,65%) reflete a demografia, mas também é possível subnotificação em grupos minoritários. A investigação dos óbitos por AN revelou padrões marcados por desigualdades de sexo, idade e região, refletindo o impacto direto de fatores socioeconômicos e da IA. A maior vulnerabilidade de gestantes, idosos e populações do NE evidencia falhas na atenção básica e na equidade do acesso à saúde. É crucial investir em políticas públicas de nutrição e saúde para reduzir essas desigualdades. A repetição desse perfil ao longo do período analisado, sem redução consistente nos indicadores, aponta falhas nas estratégias atuais de enfrentamento à doença.




