HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA β-talassemia é uma hemoglobinopatia cujas formas mais graves demandam transfusões, levando à sobrecarga de ferro. A tecnologia CRISPR-Cas9 surge como uma terapia promissora, capaz de corrigir mutações e induzir a produção de HB fetal, reduzindo a necessidade de transfusões conforme demonstram os ensaios clínicos.
ObjetivosAnalisar o uso da tecnologia CRISPR-Cas9 no tratamento da β-talassemia dependente de transfusão, seu impacto na sobrecarga de ferro e demais complicações.
Material e métodosRevisão integrativa realizada em julho/2025 na BVS, utilizando os descritores “CRISPR-CAS9” e “talassemia”. Dos 22 artigos identificados, 14 eram dos últimos 5 anos. Após critérios de inclusão (acesso gratuito, texto completo) e leitura integral, 5 artigos foram selecionados para análise final.
ResultadosNo estudo CLIMB SCD-121, 91% dos pacientes tratados com exa-cel alcançaram independência transfusional, com aumento da HbF e sem eventos adversos graves. Luna et al. (2024) mostraram que o receptor tEPOR em células-tronco promove expansão segura com baixos efeitos off-target. Langer et al. (2022) destacaram a eficácia do luspatercepte e terapias gênicas (beti-cel, CRISPR- Cas9) na indução de HbF, apesar do condicionamento mieloablativo. Gabr et al. (2020) corrigiram a mutação IVS-1-110 em células CD34⁺, restaurando a eritropoese. Gong et al. (2021) identificaram a mutação DNMT1 S878F como nova via de indução de HbF via desrepressão da γ-globina, reforçando o potencial da edição gênica na β-talassemia.
Discussão e conclusãoOs Estudos demonstram versatilidade de CRISPR-Cas9, desde correção direta de mutações até modulação indireta de HbF (via BCL11A/DNMT1). Resultados promissores em eficácia e segurança, embora desafios como custo e condicionamento persistam. CRISPR-Cas9 mostra-se promissor no tratamento de beta-talassemia, reduzindo transfusões e complicações, apesar de custo elevado e necessidade de condicionamento mieloablativo
Referências:
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Gong Y, et al. A natural DNMT1 mutation elevates the fetal hemoglobin level via epigenetic derepression of the γ-globin gene in β-thalassemia. Blood, v. 137, n. 12, p. 1652–1657, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1182/blood.2020006425.
- 2.
Gabr H, et al. CRISPR- mediated gene modification of hematopoietic stem cells with beta-thalassemia IVS-1-110 mutation. Stem Cell Research & Therapy, v.11, n. 1, p. 390, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13287-020-01876-4.
- 3.
Langer AL, Esrick EB. β-Thalassemia: evolving treatment options beyond transfusion and iron chelation. Hematology American Society of Hematology Education Program, v. 2021, n. 1, p. 600-606, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1182/hematology.2021000313.
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Locatelli F, et al. Exagamglogene autostemcel for transfusion-dependent β-thalassemia. The New England Journal of Medicine, v. 390, n. 18, p. 1663-1676, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1056/NEJMoa2309673.
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Luna SE, et al. Enhancement of erythropoietic output by Cas9-mediated insertion of a natural variant in haematopoietic stem and progenitor cells. Nature Biomedical Engineering, v. 8, n. 12, p. 1540-1552, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41551-024-01222-6.




