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Vol. 42. Issue S2.
Pages 552-553 (November 2020)
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RELAÇÃO ENTRE OS GRUPOS SANGUÍNEOS E A COVID-19
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R.L. Rodriguesa, M.D.R.F. Robertia,b, A.P.A. Santosb, L.M. Souzab, A.V. Gonçalvesb, M.C.R. Amorellib, F.B.M. Candidob
a Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil
b Hemocentro Coordenador Nion Albernaz (HEMOGO), Goiânia, GO, Brasil
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Introdução: A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2, declarada pela OMS como uma pandemia. Recentes estudos sugeriram um efeito protetor de anticorpos anti-A, associando a presença destes no soro (grupos O e B) às apresentações brandas da doença, enquanto a ausência de circulação de anticorpos anti-A (grupos A e AB) esteve relacionada às formas graves. Objetivos: Avaliar a distribuição dos grupos sanguíneos e o espectro clínico em convalescentes da COVID-19 em um Hemocentro no Estado de Goiás (HEMOGO). Método: Estudo observacional, prospectivo, sem intervenção realizado no HEMOGO. Foram avaliados 98 candidatos a doação de plasma convalescente, com antecedentes de COVID-19 sabidamente comprovados, atendidos entre 19/06/2020 a 31/07/2020. Dados demográficos foram coletados dos prontuários e analisados quanto a distribuição do grupo sanguíneo ABO e sua relação com as características clínicas da COVID-19 relatadas pelos sujeitos na triagem clínica. Resultados: Os pacientes apresentaram idade média de 37 anos e o grupo sanguíneo mais frequentemente entre os pacientes com COVID-19 foi o grupo sanguíneo O (51%), seguido pelo grupo A (33%), B (10%) e AB (5%). Houve a prevalência de sintomas leves (55,1%); seguido de moderados (30,6%); assintomáticos (10,2%) e graves (4,1%). Cerca de 94% dos pacientes não foram hospitalizados. Dos internados, houve uma prevalência maior em pacientes tipo AB (33,3% vs. 3,3%, p = 0,001) em comparação aos pacientes dos tipos sanguíneos B (33,3% vs. 8,7%, p = 0,001) e tipo O (33,3% vs 52,2%, p = 0,001). Nenhum paciente do tipo sanguíneo A necessitou de internação (0% vs 35% p = 0,001). Ao associar o grupo sanguíneo à sintomatologia, verificamos que a maioria dos pacientes do tipo O (52,05%); tipo B (50,0%) e tipo A (63,6%) apresentaram sintomas leves enquanto que os pacientes do tipo AB apresentaram a mesma prevalência para sintomas leves (40,0%) e moderados (40,0%). A distribuição do grupo sanguíneo ABO não foi significativamente relacionado ao quadro sintomático de COVID-19 (p = 0,28). Discussão: Embora alguns estudos demonstraram que indivíduos com anticorpos anti-A são menos susceptíveis para a COVID-19, devido ao possível efeito protetor desses anticorpos, nosso estudo demonstrou que houve uma prevalência maior de pacientes do tipo sanguíneo O em comparação aos outros grupos sanguíneos. Isso pode ocorrer porque doadores de sangue do tipo O são estimulados como doadores preferenciais (“doador universal”) o que pode influenciar no recrutamento ativo de pacientes, causando viés de seleção desta amostra. Outros estudos que avaliaram tipos sanguíneos a desfechos graves de COVID-19 observaram que não houve associação entre o tipo de sangue ao risco de progressão para doença grave. Em nossa avaliação não houve associação entre o grupo sanguíneo e a gravidade de sintomas da COVID-19, revelando que não houve um efeito protetor de anticorpos anti-A para esta amostra, embora mais da metade da amostra dos candidatos com sintomas leves eram do grupo O e B. Há de se ressaltar que a amostra é pequena e que são doadores que compareceram à doação, podendo ter ocasionado viés de seleção na população estudada. Conclusão: Conclui-se que não houve associação entre o grupo sanguíneo e a gravidade de sintomas da COVID-19, mostrando assim a ausência de um efeito protetor de anticorpos anti-A.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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