Relato de caso: Paciente masculino F. B. M. R., de 31 anos. Diagnóstico de Linfoma em junho de 2019, subtipo primário de mediastino, estadio IVXB. Recebeu seis ciclos de R-DA-EPOCH, seguidos de radioterapia. Estabelecida progressão de doença em PET pós C6. Iniciou a segunda linha com IVAC. Entretanto, após dois ciclos, manteve-se em progressão de doença em PET datado de 06/06/20. Nesse ínterim, manifestou episódios febris com início no dia 07/06/20. Diagnosticado com infecção de corrente sanguínea e iniciado tratamento, guiado por hemoculturas,em regime de Hospital Dia. Permaneceu febril após 48 h de antibioticoterapia, sendo pesquisada a presença do SARS CoV-2 por RT-PCR em swab de nasofarínge, com resultado positivo. Procedeu-se a internação hospitalar, período durante o qual permaneceu oligossintomático, sem necessidade de O2, e com poucos focos de opacidade em vidro fosco (15%) em tomografia computadorizada (TC) da entrada. Terminados dez dias de sintomas atribuídos à COVID-19, recebe alta no dia 19/06/2020, ainda com RT-PCR positivo para o vírus em novo swab do dia. Em seu retorno com a equipe de Hematologia, ambulatorialmente, permanecia assintomático. Foi proposto novo esquema quimioterápico com intuito paliativo. Em 29/06/2020, iniciado ciclo de GDP. Em 06/07/2020, paciente comparece ao PS do serviço referindo que, havia 2 dias, apresentou falta de ar e astenia, progressivamente piores. À entrada, notou-se febre (38,1°C), taquicardia e dessaturação (saturação 82% em AA). Foi iniciada antibioticoterapia empírica para neutropênico febril com disfunção orgânica e solicitada internação hospitalar. Em nova TC de tórax, paciente mantinha padrão sugestivo para COVID-19, porém com acometimento maior, de aprox 50%. Manteve, também,resultado positivo para SARS-CoV-2 em swabs. Foi encaminhado, então, à UTI. Piorou progressivamente do padrão respiratório. Após falhas em manter ventilação não invasiva, optado por intubação orotraqueal. As hemoculturas permaneceram negativas no período. A despeito das medidas terapêuticas adotadas, paciente evoluiu com choque séptico refratário, e foi a óbito em 02/08/2020. Cabe ressaltar que, durante internação do paciente, foram coletados swab de nasofaringe e secreção traqueal, positivos. Em 27/07/20, pesquisa em secreção traqueal apresentava-se negativa. Discussão: A abordagem de linfomas no contexto da pandemia foi feita, principalmente, na forma de guidelines. Encontramos dois relatos relacionando quimioterapia e infecção por COVID-19 e uma coorte retrospectiva sobre o tema. Não encontramos estudos de pacientes previamente infectados por SARS-CoV-2 e que, após a recuperação, realizaram a modalidade terapêutica. O caso relatado acima levanta duas importantes hipóteses sobre o tratamento de pacientes com neoplasia, associados à infecção pelo vírus: a reativação viral ou o recrudescimento inflamatório do vírus senescente. Existem outras hipóteses para o caso que não as mencionadas. Entretanto, o manejo com antibiótico de amplo espectro, a imagem tomográfica típica, a rápida evolução para insuficiência respiratória e os repetidos testes positivos são evidências contundentes de que a condição do paciente foi causada pela COVID-19. Conclusão: Concluímos, assim, uma possível relação entre a manutenção do SARS-CoV-2 por tempo prolongado em paciente com doença linfoproliferativa e que, após a quimioterapia, houve uma reativação viral ou exacerbação inflamatória de um carreador assintomático.
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