Os exames laboratoriais para a detecção de doenças infecciosas são fundamentais para garantir a eficácia terapêutica e a segurança transfusional no banco de sangue. A triagem por métodos sorológicos é rotineira em todas bolsas de sangue e na Fundação Hemominas é realizado pelo método de quimioluminescência (CMIA), baseado na pesquisa de anticorpos e/ou antígenos. Já a plataforma NAT é constituída de testes qualitativos in vitro para a detecção do material genético de agentes infecciosos através da técnica de reação em cadeia polimerase - PCR. Analisar os resultados entre técnicas de sorologia e NAT dos doadores de sangue levanta questões importantes. O presente estudo é do tipo retrospectivo e são analisados e comparados os resultados de sorologia e/ou NAT e em ambas técnicas dos doadores de sangue das unidades da Fundação Hemominas, de HIV e HCV no período de 01 de janeiro de 2012 até 31 de dezembro de 2018 e de HBV entre 02 de janeiro 2015 e 31 de dezembro de 2018. As análises descritas foram realizadas por meio de dados obtidos da Fundação Hemominas/Softwares: HEMOTEPLUS 2019 e R, v. 3.4.1. Na sorologia para o HIV, a prevalência foi de 102,51 resultados positivos a cada 100.000 doações, enquanto no NAT a prevalência foi de 31,53 resultados positivos a cada 100.000 doações. Para o HBV, na sorologia, a prevalência foi de 76,28/100.000 e no NAT esta foi de 20,72/100.000. Já para o HCV, a prevalência obtida na sorologia foi de 125,28/100.000 e no NAT, de 12,65 resultados positivos a cada 100.000 doações. Considerando a positividade baseada em resultados positivos um e/ou outro teste, a prevalência global de HCV (125,25/100.000) foi maior do que as prevalências de HIV (106,12/100.000) e HBV (76,59/100.000) no período em estudo. No que diz respeito às positividades para os três desfechos obtidas no presente estudo, ressalta-se a sensibilidade significativamente maior dos métodos sorológicos para detecção das doenças analisadas. Outros estudos também têm mostrado positividades maiores nas técnicas de sorologia quando comparadas ao NAT e diversos fatores, que podem ser generalizados a todas as doenças ou serem inerentes a cada vírus podem explicar estes resultados. Na sorologia por exemplo, a reatividade cruzada ou por contaminantes nos antígenos de revestimento pode levar à ocorrência de diagnósticos falso-positivos, bem como a cicatriz sorológica, onde os anticorpos permanecem reagentes mesmo após a cura da doença. Por outro lado, no NAT, os baixos níveis de carga viral podem ser encontrados em amostras de doadores em tratamentos antivirais ou quando o teste é realizado em pools com mais de 6 ou 8 amostras diferentes. Os resultados suscitam questões importantes quanto ao custo-benefício do NAT e em contra partida, também sobre o desperdício gerado pelo descarte de bolsas pela possibilidade de muitos resultados falso-positivos na sorologia. Essa situação promove insuficiência do suprimento sanguíneo, na perda desnecessária de doadores potencialmente elegíveis e em dificuldades em torno da gestão adequada dos doadores diferidos.

Palavras-chave: Triagem sorológica; Triagem molecular; Segurança transfusional; Doadores de sangue.