Descrever a prevalência de doadores de sangue que apresentaram soroconversão na triagem para os marcadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Trata-se de um estudo descritivo, transversal e retrospectivo, a partir da análise de dados secundários do período de 2020 a 2021 de resultado sorológico pelo método de eletroquimioluminescência (imunoensaioElecsys®HIV Duo) de doadores inaptos que soroconverteram na triagem sorológica do HIV e na detecção do NAT (Teste do Ácido Nucleico), obtidos no Sistema de Banco de Sangue (SBS) da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (HEMOPA). O termo de soroconversão é aplicado para os doadores que apresentavam anteriormente resultados não reagentes para o HIV e na última doação apresentam reação para algum marcador pesquisado do agente viral. Os dados coletados foram organizados no programa Microsoft Excel®. A prevalência de soroconversão foi calculada usando o número de doadores que soroconverteram para HIV dividido pelo número total de doações no período analisado.

Durante o período de estudo foram realizadas 98.365 doações de sangue e detectadas 35 soroconversões para HIV, resultando em uma prevalência de 0,03%.

Em estudo realizado por Nafishah et al. (2014), que determinou a prevalência de HBV, HCV, HIV e sífilis entre doadores de sangue de repetição do NationalBlood Centre Kuala Lumpur na Malásia, com uma taxa de soroconversão de 0,064%, nos anos de 2004-2008, evidenciando nos doadores de repetição uma taxa de soroconversão para HIV e HCV crescente em 5 anos. No entanto, no Brasil Boehm et al. (2021) demonstrou uma redução da prevalência em casos confirmados de HIV em doadores de sangue do Hospital das clínicas de Porto Alegre entre os anos de 2015 a maio de 2021, colocando em temos relativos, a prevalência demonstrada foi de 0,04% entre os doadores de sangue, menor ainda nos casos de soroconversão com uma prevalência de 0,008%. Apesar do nosso estudo apresentar prevalência maior de soroconversão, esta ainda é menor quando comparada entre todos os doadores de sangue. A redução da prevalência de HIV entre doadores de sangue, pode ser associada ao perfil dos doadores e aos processos de captação e triagem clínica em constante melhoria, que possivelmente influenciam na mitigação deste risco transfusional.

Existem poucos estudos abordando a prevalência de soroconversão para HIV em doadores de repetição, dificultando assim, a comparação com os resultados de outros trabalhos, sobretudo nacionais. Dessa maneira, a detecção de casos de soroconversão para o HIV reforça a necessidade da contínua vigilância epidemiológica, principalmente, entre doadores de repetição e a importância da avaliação do comportamento desses doadores, que pode aumentar o risco de infecções transmitidas por transfusão. Assim, a análise da prevalência de doadores de sangue soroconvertidos na triagem para o HIV pode fomentar medidas de prevenção e controle na segurança transfusional no estado do Pará futuramente.