HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosPacientes com neoplasias hematológicas em tratamento quimioterápico apresentam alto risco de infecções agudas graves. A febre é o marcador mais precoce e sensível de infecção nessa população, mas outros sinais – taquicardia (> 90 bpm), taquipneia (> 20 irpm), alteração do nível de consciência, mal-estar, fraqueza, calafrios, sudorese intensa, tremores, hipotensão, hipotermia e dor inexplicável – também podem indicar infecção grave.
ObjetivosPadronizar a coleta de hemocultura pelo enfermeiro para agilizar o diagnóstico e início da antibioticoterapia. Reduzir morbimortalidade por infecções em pacientes onco-hematológicos. Otimizar o fluxo de atendimento, evitando atrasos no tratamento. Fortalecer a integração multiprofissional e o protagonismo da enfermagem.
Material e métodosConsiderou-se febre como temperatura axilar ≥ 37,8°C ou ≥ 37,5°C mantida por mais de 24 horas. Na instituição, a coleta de hemocultura (HMC) não é privativa do médico, sendo realizada por enfermeiro capacitado. O protocolo prevê coleta de dois pares de hemoculturas (aeróbicas e anaeróbicas) de dois sítios distintos – um periférico e outro de acesso central – antes da administração do antibiótico empírico, com 5 mL de sangue por frasco. A prescrição médica já contém a indicação de coleta de HMC e início de antibioticoterapia em caso de febre. Para agilizar, a equipe médica disponibiliza pedidos padronizados assinados e carimbados, bem como formulários institucionais com identificação do paciente, local de internação, data/hora da coleta e informações sobre o antibiótico (posologia, dose e duração). Esses documentos são enviados à CCIH e à farmácia, permitindo que a medicação seja liberada e administrada imediatamente após a coleta. O tratamento deve ser iniciado na primeira hora, priorizando a antibioticoterapia caso haja risco de atraso.
Discussão e conclusãoA implantação dessa rotina trouxe benefícios claros: redução de morbimortalidade e complicações clínicas, manutenção dos pacientes em enfermaria evitando transferências para UTI, preservação do convívio familiar em momentos críticos, diminuição do estresse e ansiedade, menor risco de infecção hospitalar e redução de custos. Também foi notado maior protagonismo da enfermagem na detecção precoce de deterioração clínica e melhoria da comunicação multiprofissional, garantindo decisões mais rápidas e eficazes. Na enfermaria onco-hematológica, a coleta de hemocultura imediata após o primeiro episódio febril é prática fundamental para segurança e qualidade assistencial. A padronização reduz variações nas condutas, aumenta a eficácia da assistência e fortalece o trabalho em equipe. Mais que uma ação técnica, a coleta de HMC pelo enfermeiro representa estratégia assistencial baseada em evidências, decisiva para o prognóstico e a sobrevida de pacientes em situação de alta vulnerabilidade, garantindo cuidado ágil, seguro e humanizado.
Referências:
Ministério da Saúde/CONITEC. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Anemia Aplástica, Mielodisplasia e Neutropenias Constitucionais; estabelece diretrizes nacionais para manejo dessas condições, incluindo aspectos sobre neutropenia e fluxos assistenciais. Brasília; 2016.
Manuais INCA/Ministério da Saúde. Ações de Enfermagem para o Controle do Câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA; Ministério da Saúde, 2008.
Instituto Nacional de Câncer (INCA). Investigação de infecção por hemocultura no HCI/INCA: protocolo e processamento automatizado. Rio de Janeiro, s.d. Acesso em: 09 ago. 2025.




