HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Anemia Falciforme (AF) é uma doença genética prevalente no Brasil, estimada em 80 mil pessoas acometidas. Pela hemólise acelerada das hemácias falcizadas, a Transfusão Sanguínea (TS) é um tratamento chave utilizado em crises agudas, prevenção de complicações e em cirurgias.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico das TS em pacientes com AF no Brasil, identificando características do tratamento e desafios que impactam a saúde pública.
Material e métodosRevisão de literatura nas bases Biblioteca Virtual em Saúde e Google Acadêmico, com os descritores “anemia falciforme”, “transfusão de sangue” e “Brasil”. Incluídos artigos de 2021‒2025, em português ou inglês, sobre o perfil epidemiológico das TS no SUS; excluídos duplicados e textos apenas clínicos/terapêuticos sem foco epidemiológico.
Discussão e conclusãoEntre 60 a 100 mil brasileiros vivem com AF. A incidência neonatal é de 3,75/10.000 nascidos vivos, com cerca de 1.087 diagnósticos/ano. O genótipo mais comum é o HbSS (70,7%), seguido por HbSC (23%) e variantes talassêmicas (6%). Em um hemocentro do Nordeste, 79,8% dos 263 pacientes haviam recebido TS; os tipos sanguíneos mais frequentes foram O+ (47,6%) e A+ (21,9%). Contudo, 20,1% não tinham registros transfusionais, indicando falhas na assistência ou documentação. Apenas 29,7% tinham acompanhamento adequado e 45,6% estavam há mais de dois anos sem comparecimento. Na região Amazônica, estudo com 44 pacientes poli-transfundidos revelou aloimunização em 20,5%, com anticorpos anti-RhD, anti-E, anti-K e outros; reações hemolíticas tardias ocorreram em 54,4% e autoanticorpos em 44,4% dos aloimunizados. De 2008 a 2022, houve 151.535 internações por AF no Brasil, 69,9% associadas a crises vaso-oclusivas. Média anual: 6.883 hospitalizações com crise e 2.221 sem. Faixa etária mais afetada: 15‒35 anos, pico entre 15‒20. O Sudeste concentrou o maior número de internações, mais de 53.800 com crise. Mortalidade média anual: 76 óbitos com crise e 21 sem. Os dados evidenciam a alta prevalência da AF e o predomínio do genótipo HbSS. TS são amplamente usadas, sobretudo em crises, mas devem considerar a clínica, não apenas hemoglobina, já que a anemia é crônica na AF. Apesar do uso elevado de TS, a ausência de registros transfusionais em 20,1% dos pacientes em um hemocentro do nordeste, reforça o acompanhamento irregular de grande parte desses centros e apontam fragilidades na assistência. A aloimunização, presente em 20,5% dos poli-transfundidos em estudo na região amazônica, é uma complicação relevante, gerando reações hemolíticas e autoanticorpos, com impacto na qualidade de vida. O grande número de internações por crises vaso-oclusivas e a mortalidade associada reforçam a gravidade do cenário. O estudo mostrou maior prevalência do genótipo HbSS e maior número de pacientes transfusionados O+/A+ no Nordeste; pico de internação por AF em jovens de 15‒35 anos e predomínio de crises no Sudeste. A TS enfrenta falhas de registro, exigindo estratégias como lembretes automatizados e educação contínua para melhor adesão. A aloimunização foi a principal reação adversa, reforçando a necessidade de protocolos seguros.




