Objetivos: Avaliar a adequação na prescrição de concentrados de hemácias (CH) em portadores de anemia falciforme por médicos emergencistas. Material e métodos: Estudo transversal por levantamento de fichas de requisição de transfusões preenchidas por médicos emergencistas, no período de 05-2018 a 12-2019, em um hospital de emergências. Foram avaliadas as adequações na indicação, volume e subtipo (filtradas, irradiadas e lavadas) de CH. Para comparação dos dados qualitativos, utilizamos o teste de χ2 e teste exato de Fischer. Resultados: Foram avaliadas 82 transfusões, sendo que 59,8% eram pacientes do sexo feminino. A média de idade foi de 44,1 anos com desvio padrão de 17,66. Quando avaliada as indicações pela hemoglobina (Hb) pré transfusional, todas estavam corretas quando Hb < 5 g/dL, 65,8% com Hb entre 5 e 7 g/dL e 7,1% com Hb ≥ 7 g/dL. Quanto ao volume, todas as prescrições com um CH estavam corretas, quando prescrito dois CH 51,2%, e acima de dois CH, todas as prescrições foram incorretas. Na avaliação de subtipos, as indicações de filtrado estavam todas corretas (17), enquanto irradiado (16) e lavado (3), incorretas. A indicação de transfusão nos pacientes sintomáticos foram todas corretas, enquanto nos assintomáticos todas foram incorretas (p=0,000). Considerando as prescrições de volume, 76,7% dos pacientes sintomáticos receberam volume adequado enquanto que os pacientes assintomáticos foram adequados em apenas 43,6% (p=0,002). Na análise dos subtipos, não houve diferença estatística significativa. Os pacientes sintomáticos receberam corretamente 11,6%, já os assintomáticos foram 12,8% (p=0,869). Discussão: Doentes falciformes possuem indicação de CH quando apresentarem queda de Hb ≥ 2 g/dL ou alguma complicação aguda específica. Para pacientes assintomáticos em esquema de transfusão ambulatorial é indicado um CH por transfusão. Os sintomáticos podem necessitar de no máximo dois CH por transfusão devendo reavaliar o quadro clínico e o Hb pós transfusional antes de prescrever nova transfusão. Transfusão de volumes excessivos podem acarretar na hiperviscosidade sanguínea elevando o risco acidente vascular cerebral, síndrome torácica aguda e sobrecarga circulatória. De acordo com o guia de hemocomponentes do ministério da saúde do Brasil de 2015, há indicação de filtrar o CH para pacientes com doenças falciformes. O objetivo é reduzir o número de neutrófilos evitando reação febril não hemolítica, comum em politransfundidos. Contudo, não há indicação de CH irradiado e/ou lavado. A irradiação é indicada para imunodeficientes graves ou para doação aparentada. O CH lavado é indicado para pacientes que já apresentaram reações alérgicas graves relacionadas a transfusão ou possuem deficiência de alguma proteína como por exemplo IgA. Conclusão: O paciente com anemia falciforme em descompensação aguda é atendido por um médico generalista. No hospital avaliado houve dificuldade dos médicos emergencistas reconhecerem as reais indicações transfusionais nos pacientes assintomáticos. Houve prescrição de volume excessivo, o que eleva o risco de hiperviscosidade e suas complicações. A solicitação de CH irradiado e lavado aumentou os custos do tratamento e o tempo de espera para o preparo do mesmo, elevando os riscos aos pacientes graves. O estudo demonstrou a necessidade da criação de um protocolo institucional sobre transfusão em portadores de anemia falciforme.
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