Objetivos: A transfusão sanguínea é uma terapêutica de suporte fundamental para o cuidado do paciente clínico e cirúrgico. No contexto da gastroenterologia, diversas situações cursam com sangramento agudo ou crônico e subsequente necessidade de transfusão, como hemorragias digestivas (HD), laparotomia exploradora (LE), ressecção hepática e esplenectomia. Sendo uma alternativa adotada frequentemente, o presente estudo objetiva analisar as principais patologias da gastroenterologia que demandam transfusão em um hospital de referência. Material e métodos: Estudo retrospectivo com análise de prontuário eletrônico e banco de dados do Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (SHHSVP), no município de Passo Fundo/RS. A amostra é constituída por pacientes com diagnóstico confirmado de patologias gastrointestinais que receberam transfusão de concentrado de hemácias (CH) e/ou plasma fresco congelado (PFC) no período de janeiro a setembro de 2019. Resultados: Analisaram-se um total de 100 pacientes, sendo 51% do sexo feminino e 49% masculino, com média de 59,3 anos, mediana de 60,5 anos. Transfundiram-se 316 unidades de CH e 95 de PFC. A principal patologia que demandou transfusão foi HD alta (21%), seguida de politraumatismo com lesões abdominais (17%) e HD baixa (9%). Anemia crônica (9%), abdome agudo (3%), cirrose descompensada (3%) e pancreatite aguda (2%) também foram representativas. Na esfera cirúrgica, os principais procedimentos foram LE (8%), hepatectomia parcial (6%), colecistectomia (5%), ressecção intestinal (5%) e abordagem de via biliar (2%). Demais situações como suporte paliativo da neoplasia de pâncreas, manejo clínico da retocolite ulcerativa e da colite pseudomembranosa, esplenectomia, gastrectomia, transplante hepático, sangramento hemorroidário, cirurgia bariátrica, apendicectomia e colocação de TIPS foram responsáveis por 1% individualmente, totalizando 10% dos casos. Discussão: Estudos previamente publicados relatam que, na gastroenterologia clínica, as HD altas e baixas são as emergências médicas mais comuns que necessitam de transfusão. Na esfera cirúrgica, as principais situações são transplante hepático receptor, LE, gastrectomia, esplenectomia e hepatectomia parcial. Encontramos heterogeneidade nas indicações, sendo as HD, em conjunto, responsáveis pela maioria das transfusões clínicas e a LE pelas cirúrgicas, corroborando com a literatura. O traumatismo abdominal destacou-se na nossa amostra, justificado pela gravidade das lesões e pelo local do estudo ser um centro de referência em traumatologia. Contrariamente, apenas uma transfusão foi por transplante hepático, o que se acredita ser resultado do curto período de análise de dados, podendo sofrer alterações quando o estudo for concluído. Ainda, a diversidade de patologias encontrada reforça a viabilidade da transfusão como manejo e suporte na gastroenterologia. Conclusão: Destaca-se a influência das patologias gastrointestinais na medicina transfusional e ressalta-se a utilização da transfusão não só no manejo de situações de emergência, mas também no suporte de doenças crônicas. Ainda, a escassez de estudos robustos e que reúnam todas as indicações dificulta o estabelecimento de protocolos e a padronização das prescrições, de forma que estudos como esse são essenciais.
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