HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Anemia Falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia hereditária caracterizada por uma mutação no gene da β-globina (HBB), levando à formação da Hemoglobina S (HbS). Esta causa deformações eritrocitárias, hemólise crônica e fenômenos vaso-oclusivos. Com prevalência significativa em populações de origem africana, sua abordagem convencional envolve transfusões, hidroxiureia e transplante alogênico, que é limitado pela disponibilidade de doadores compatíveis.
ObjetivosAnalisar os avanços da terapia gênica e da edição genética como potenciais curas para a anemia falciforme, destacando estudos recentes com tecnologias CRISPR-Cas9 e vetores virais.
MetodologiaRevisão integrativa baseada em dados de ensaios clínicos (PubMed, ClinicalTrials.gov, NEJM) publicados entre 2018 e 2024, com ênfase nos estudos CLIMB-121 (CRISPR Therapeutics e Vertex Pharmaceuticals) e LentiGlobin BB305 (Bluebird Bio).
ResultadosO ensaio CLIMB-121 utilizou CRISPR-Cas9 para editar células-tronco hematopoéticas autólogas, inativando o gene BCL11A, um supressor da Hemoglobina Fetal (HbF). Isso reativou a produção de HbF, que não falciza. Em 2023, os resultados mostraram que 97% dos pacientes tratados ficaram livres de crises vaso-oclusivas por mais de 12 meses após infusão. Níveis de HbF médios: >40% em 3 meses após tratamento. A terapia com LentiGlobin BB305 (Zynteglo™ ), aprovada pela EMA e FDA, introduz uma cópia funcional do gene HBB modificado por vetor lentiviral. Os pacientes apresentaram aumento sustentado de Hb funcional e independência transfusional em mais de 80% dos casos.
Discussão e conclusãoEssas terapias representam marcos históricos na abordagem curativa da AF. Embora promissoras, ainda enfrentam desafios: Alto custo (cerca de 2 a 3 milhões de dólares por paciente); Infraestrutura laboratorial complexa; Questões éticas sobre modificação genética; Acesso desigual em países de baixa renda, onde a AF é mais prevalente. A terapia gênica oferece perspectivas reais de cura para a anemia falciforme. A implementação em larga escala depende de políticas públicas, redução de custos e avanços na logística laboratorial. A edição genética, especialmente com CRISPR, sinaliza uma nova era para a hematologia translacional.




