HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoide Aguda (LLA) caracteriza‑se pela proliferação clonal de linfócitos imaturos, os quais ocupam grande parte da medula óssea e comprometem a hematopoese. Em crianças e adolescentes, a LLA ocupa o primeiro lugar como causa de morte. Segundo a literatura, somente em 2021 houve 53 485 novos casos de LLA em pacientes infantojuvenis. Nesse período, foram registradas 23.991 mortes em âmbito global, número que reflete o impacto acumulado da doença, abrangendo também casos diagnosticados em anos anteriores, não se limitando apenas aos novos diagnósticos. Analisar as tendências de mortalidade por leucemia infantojuvenil é essencial para avaliar a eficácia dos tratamentos, identificar desigualdades regionais e orientar a implementação de políticas públicas.
ObjetivosAnalisar a tendência temporal da mortalidade por LLA na população infantojuvenil no Brasil entre 2000 e 2023, segundo sexo e raça/cor.
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico de série temporal dos óbitos por leucemia linfóide registrados no Brasil entre 2000 e 2023. Os dados de mortalidade foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SIM/DATASUS), estratificados por grupos etários (0‒19 anos), sexo (masculino e feminino) e raça/cor da pele (branco, preto e pardo). As populações dos anos censitários (2000 e 2010) foram obtidas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e as estimativas para os anos intercensitários foram calculadas pelo método geométrico. Foram calculadas as taxas de mortalidade, as quais foram padronizadas pelo método direto, utilizando a população padrão do Brasil estimada para 2010 como referência. A análise de tendência temporal foi realizada utilizando modelos de regressão Joinpoint, com um nível de significância de 5%. Entre 2000 e 2023, foram registrados 11.026 óbitos por leucemia linfóide na população infantojuvenil no Brasil, dos quais 58,6% ocorreram entre indivíduos do sexo masculino e 41,4% do sexo feminino. Em ambos os sexos, observou-se predomínio de óbitos entre pessoas brancas e pardas. Entre os meninos, 52,2% dos óbitos ocorreram em brancos, 42,5% em pardos e 5,3% em pretos. Entre as meninas, 53,9% foram brancas, 41,1% pardas e 5,0% pretas. Para os meninos brancos, observou-se tendência crescente de 1,3% ao ano entre 2000 e 2013, seguida de uma redução de 2,0%. Meninos pardos exibiram aumento significativo de 12,6% ao ano entre 2000 e 2025. Entre as meninas brancas, a taxa de mortalidade aumentou em 1,2% ao ano ao longo do período. As meninas pardas também apresentaram tendência crescente de 1,1% ao ano.
Discussão e conclusãoOs dados nacionais sobre mortalidade por LLA na população infantojuvenil quando comparados com os dados globais evidenciam a magnitude e o impacto dessa doença no contexto mundial. No Brasil, entre 2000 e 2023, registrou-se um aumento preocupante da mortalidade em meninos pardos, ao passo que meninos brancos apresentaram estabilização ou redução nesse período, sugerindo desigualdades no acesso a diagnóstico precoce e tratamento adequado. Essas disparidades persistentes reforçam que os avanços médicos ainda não beneficiaram igualmente todos os grupos populacionais. Ao comparar com o cenário global, observa-se que o país segue a tendência mundial de melhores resultados em contextos socioeconômicos mais favorecidos, enquanto outros grupos enfrentam maior risco de morte, reforçando a urgência de políticas públicas que promovam equidade no cuidado oncológico pediátrico.




