Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 380
Acesso de texto completo
SÍNDROME DE LYNCH ASSOCIADA À LINFOMA NÃO-HODGKIN DE CÉLULAS B: RELATO DE CASO COM HISTÓRICO FAMILIAR ONCOLÓGICO POSITIVO
Visitas
117
MZ Novais, BAM Gois, JFD Pandolfo, LB Machado, F Tunouti, NM Solinski, MJ da Silveira, FC Rossi, M Moura, LC Franco
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Londrina, PR, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A Síndrome de Lynch, também conhecida como câncer colorretal hereditário não poliposo, é uma condição genética autossômica dominante de predisposição ao câncer causada por mutações germinativas nos genes do sistema de reparo de incompatibilidades do DNA (MMR). Essa síndrome confere risco elevado para uma variedade de neoplasias, sendo os mais frequentes o câncer colorretal e o câncer de endométrio, além de tumores de intestino delgado, ovário, trato urinário, estômago, vias biliares, cérebro e pele. Embora as neoplasias associadas sejam majoritariamente epiteliais, casos raros de neoplasias hematológicas, como linfomas e leucemias, têm sido descritos na literatura, expandindo o espectro tumoral tradicionalmente conhecido. Estudos recentes sugerem que a deficiência no sistema MMR, especialmente nos genes MLH1 e MSH2, também pode gerar instabilidade genética em células do sistema imune, como os linfócitos B, possibilitando, ainda que de forma incomum, a ocorrência de linfomas em pacientes com síndrome de Lynch. Este trabalho relata o caso de uma paciente com histórico de múltiplas neoplasias sólidas ao longo da vida, compatíveis com a síndrome de Lynch, associado ao diagnóstico de Linfoma Não-Hodgkin (LNH) de células B, abordando os desafios diagnósticos e terapêuticos frente a uma manifestação hematológica atípica.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 71 anos, branca, natural e residente de Londrina/PR, aposentada, com histórico pessoal e familiar fortemente sugestivo de síndrome de Lynch. Relata mãe com histórico de câncer colorretal e uterino, irmão com câncer colorretal e LNH e tio com LNH. Apresenta antecedentes pessoais de câncer colorretal aos 30 anos e câncer de endométrio aos 40 anos. A imunohistoquímica do tecido colorretal evidenciou ausência de expressão nuclear das proteínas MSH2 e MSH6, o que configura um padrão compatível com deficiência no sistema de reparo por incompatibilidade de bases (MMR) e instabilidade de microsatélites (MSI) marcador molecular da Síndrome de Lynch. Em novembro de 2023, a paciente apresentou quadro de linfadenomegalias cervicais, associadas a sintomas B. A biópsia de linfonodo cervical realizada em abril de 2024 evidenciou Linfoma Não-Hodgkin B de zona marginal nodal. Iniciou-se tratamento com seis ciclos de R-CHOP, sem resposta satisfatória. Em seguida, foi introduzido zanubrutinibe, com remissão clínica e laboratorial. Em maio de 2025, uma segunda neoplasia colorretal primária foi detectada após achado endoscópico de lesão vegetante ulcerada infiltrativa no cólon sigmoide distal. A biópsia confirmou a malignidade e o tratamento foi iniciado com XELOX (capecitabina + oxaliplatina). Foi estruturado acompanhamento multidisciplinar, com rastreio intensificado de neoplasias associadas à síndrome e aconselhamento genético familiar.

Conclusão

O caso descreve uma manifestação hematológica incomum da Síndrome de Lynch por Linfoma Não-Hodgkin de células B, que, apesar de rara, pode estar subestimada na prática clínica. A instabilidade de microssatélites do tipo MSH2/MSH6 e o histórico familiar significativo reforçam a importância do rastreamento genético em pacientes com múltiplas neoplasias primárias ou padrão familiar sugestivo. A terapia-alvo com zanubrutinibe mostrou eficácia e segurança, sendo uma alternativa promissora para linfomas indolentes em contextos complexos. O relato destaca o valor do diagnóstico precoce e do acompanhamento multidisciplinar, além de expandir o espectro clínico da síndrome.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas