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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1784
Acesso de texto completo
TALQUETAMABE NO BRASIL: EXPERIÊNCIA INICIAL E RESULTADOS DENTRO DE UM PROGRAMA DE ACESSO EXPANDIDO
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FV Pericolea, G Ribeirob, EQ Crusoec, JS Limad, EML Ottonie, M Capraf, WMT Bragag, CC Baumgartenh, VTdM Hungriai
a Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
b Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
c Oncologia D'Or, Salvador, BA, Brasil
d Oncoclínicas, Curitiba, PR, Brasil
e Hospital Moinhos de Vento (HMV), Porto Alegre, RS, Brasil
f Centro Gaúcho Integrado de Oncologia, Hematologia, Ensino e Pesquisa, Porto Alegre, RS, Brasil
g Hospital Santa Catarina Paulista, São Paulo, SP, Brasil
h Unimed Vale dos Sinos, Novo Hamburgo, RS, Brasil
i Clínica São Germano, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

Talquetamabe (TAL), um anticorpo bispecífico que possui como alvo o GPRC5D, foi aprovado para uso clínico no Brasil em 2024, com base nos resultados do estudo MonumenTAL-1. Antes dessa aprovação, o Programa de Acesso Expandido (EAP) do Brasil permitiu o acesso ao TAL em 2023 para pacientes que tiveram exposição prévia às três principais classes de terapias.

Objetivos

Este relato apresenta resultados do mundo real de pacientes tratados sob esse EAP.

Material e métodos

Conduzimos um estudo retrospectivo analisando o EAP do TAL. O EAP do TAL proporcionou acesso antecipado a pacientes com mieloma múltiplo expostos às três classes de terapia. Todos os pacientes recrutados haviam recebido pelo menos uma dose de TAL.

Resultados

Nossa coorte foi composta por 18 pacientes altamente pré-tratados (12 homens, 6 mulheres), com idade mediana de 60,5 anos (variação de 38 a 76), incluindo 3 participantes negros (17%), e mediana de 4 linhas de terapia anteriores (variação de 2 a 8). Todos os pacientes (100%) tinham triplo-exposição, com 94% deles sendo também refratários. Notavelmente, 33% (n = 6) receberam belantamabe mafodotina, e 17% (n = 3) tiveram exposição prévia a teclistamabe. Portanto, 50% dos pacientes eram refratários às terapias BCMA. A dose do TAL foi 0,8 mg/kg para todos os pacientes. O perfil de segurança revelou a síndrome de liberação de citocinas (CRS) como o evento adverso mais frequente, ocorrendo em 72% dos pacientes, levando ao uso de tocilizumabe em 62% dos casos. ICANS foi raro, com apenas 11% (n = 2) apresentando grau 1. Infecções ocorreram em 49% dos pacientes (grau 3: 10%, grau 4: 7% e uma morte relacionada a complicações da COVID-19). Documentamos um caso de ataxia e disartria de início tardio após 9 meses, que levou à interrupção do tratamento; de forma notável, esse paciente permanece em resposta completa há quase um ano após a interrupção da terapia. Toxicidades características mediadas por GPRC5D foram prevalentes, incluindo alterações na pele (78%; prurido em 39%), disgeusia (61%), perda de peso em 67% dos pacientes (grau 1: 22%, grau 2: 39% e grau 3: 6%) e anomalias nas unhas (78%). Com um acompanhamento mediano de 12,4 meses, o talquetamabe demonstrou eficácia. A taxa de resposta global (ORR) atingiu 67%, com 61% dos pacientes alcançando ≥VGPR. OS mediano foi de 13 meses, e PFS diferiu significativamente de acordo com o status de refrataridade ao BCMA: 9,2 meses no total (5,6 meses para pacientes refratários ao BCMA versus 10,8 meses para não refratários). A duração mediana da resposta em respondedores (PR ou melhor) não foi atingida. A ORR entre os pacientes não refratários ao BCMA também foi significativamente maior em comparação aos refratários: 80% versus 50%, respectivamente.

Discussão e conclusão

Nossas descobertas confirmam a segurança do talquetamabe em pacientes brasileiros refratários. Notavelmente, efeitos on-target/off-tumor do GPRC5D foram frequentes, na maioria de baixo grau e manejáveis. O caso de ataxia de início tardio reforça a necessidade de maior vigilância e de mais estudos para entender sua patogênese e manejo. As respostas observadas foram consistentes com aquelas relatadas em outros estudos, incluindo o MonumenTAL-1, destacando ainda mais os resultados subótimos para pacientes refratários ao anti-BCMA e a importante necessidade não atendida para essa população.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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