HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO tratamento do mieloma múltiplo (MM) evoluiu ao longo dos últimos 20 anos. Os estudos clínicos têm evidenciado significativo aumento na sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG). Apesar disso, a disparidade nos resultados na vida real no contexto público e privado é expressiva. O estudo retrospectivo observacional MMyBRAve 2025, que apresenta mediana de SG de 49 e 93 meses, respectivamente, para pacientes inelegíveis e elegíveis ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) autólogo, diagnosticados entre 2008 à 2016, evidencia diferenças significativas entre o setor público e privado. Essa é a realidade para os pacientes que não possuem acesso às últimas terapias. No Sistema Único de Saúde (SUS) a última incorporação de nova linha de tratamento, capaz de alterar desfecho da doença, foi em 2020 com o bortezomibe.
ObjetivosAnalisar a SG e taxa de mortalidade precoce dos pacientes diagnosticados com MM num hospital público do Rio de Janeiro, o HEMORIO, no período de 2010-2025.
Material e métodosEstudo retrospectivo observacional, baseado em análise de pacientes diagnosticados com MM nos últimos 15 anos no HEMORIO. Foram coletados: data de diagnóstico, óbito e último follow-up. Os dados foram armazenados no sistema Excel Microsoft ® e analisados pelo software SPSS 29.0. A variável numérica foi expressa em frequência simples e a SG por método de Kaplan Meier.
ResultadosForam analisados prontuários de 278 pacientes diagnosticados com MM entre janeiro de 2010 e agosto de 2025. A mortalidade precoce (até 6 meses do diagnóstico) ocorreu em 19,4% dos casos. A SG encontrada foi de 44,5% em 5 anos. Foi realizada uma estratificação comparando a SG antes e após a incorporação do bortezomibe no SUS. A SG em 5 anos melhorou de 21,7% na era pré bortezomibe, para 74,6% após a disponibilização dessa terapia evidenciando uma diferença significativa (p 0,029).
Discussão e conclusãoA menor taxa de SG em pacientes no SUS ocorre pela dificuldade de acesso às melhores terapias. De acordo com dados atuais, o Brasil apresenta a maior incidência, prevalência e mortalidade em 5 anos por MM entre os países latino-americanos. Segundo dados do programa de vigilância, epidemiologia e resultados (SEER) a SG em 5 anos foi de 61,1% em 2024. Entre os desafios do setor público estão incluídos também o atraso no diagnóstico e no acesso aos hospitais especializados. Por outro lado, os dados de mortalidade precoce evidenciados no HEMORIO corroboraram com os dados da literatura mundial com taxas que variam de 8,3% a 21%. A SG dos pacientes com MM do Hemorio permanece inferior aos dados internacionais, embora a mortalidade precoce seja semelhante à literatura. Ficou evidenciado que a inclusão do bortezomibe no SUS foi capaz de melhorar os desfechos na coorte. Esse ganho destaca a necessidade de incorporação de tecnologias e de elaboração de estratégias para tornar esse processo sustentável.




