
A complexidade do sistema Rh começa com os genes altamente polimórficos que os codificam. Existem dois genes: RHD e RHCE, que estão intimamente ligados. Numerosos rearranjos genéticos produziram genes híbridos que codificam uma miríade de antígenos Rh distintos. As proteínas RhD e RhCE são proteínas transmembranares de múltiplas passagens integrais à membrana das hemácias. A proteína RhCE codifica o antígeno C/c e o antígeno E/e, além de muitos outros antígenos Rh como, por exemplo, Cw e Cx. O polimorfismo C/c surge de quatro SNPs que causam quatro alterações de aminoácidos, uma das quais (S103P) determina a especificidade do antígeno C ou c. O polimorfismo E/e surge de um único SNP (676GC) que causa uma única alteração de aminoácido (A226P). C: 68% caucasianos, 27% negros, 93% asiáticos, c: 80% caucasianos, 96% negros, 47 % asiáticos, E: 29% caucasianos, 22% negros, 39% asiáticos, 98% caucasianos, 98% negros, 96% asiáticos.
ObjetivoSolucionar as incompatibilidades RHCE nas amostras de mães e seus recém-nascidos (RN) da rotina maternidade dos hospitais atendidos no Laboratório de Referência em Imuno-hematologia São Paulo nos anos de 2019 a 2021.
Materiais e métodos: As fenotipagens RHCE das amostras de mãe e RN são realizadas no equipamento NEO IMMUCOR GAMMA®com a metodologia microplaca. Utiliza-se soros comerciais ImmuClone® anti-C linhagem celular MS-273, anti-c linhagem celular MS-33, anti-E linhagem celular MS-80 e MS258, anti-e linhagem celular MS-16, MS-21 e MS-63. Resultados não interpretados pelo equipamento são realizados em outra metodologia (tubo ou gel BioRad®). A verificação das incompatibilidades RHCE das amostras mãe/RN é realizada pelo sistema informatizado assim que os resultados são interfaceados do equipamento para o sistema de gestão. Realiza-se a técnica de adsorção/eluição, para evidenciar baixa expressão dos antígenos RHCE,utilizando as hemácias da mãe e hemácias do RN lavadas com solução fisiológica, e soros comerciais anti-C, anti-c, anti-E, anti-e, dependendo de qual antígeno se encontra a incompatibilidade. Ex. mãe CCee e RN ccee, hemácias da mãe com soro anti-c, e hemácias do RN com soro C, homogeneizar e incubar a 37°C por 45 minutos. Após tempo de incubação, lavar as hemácias com solução fisiológica e realizar teste de eluição. Passar os eluatos nas hemácias correspondentes aos antígenos adsorvidos.
ResultadosForam realizados 52 testes de adsorção/eluição para solucionar as discrepâncias RHCE nas amostras de mãe/RN. Nos haplótipo Cc resolvemos 32 incompatibilidades, e nos Haplótipo Ee resolvemos 17 incompatibilidades, em três amostras as mães haviam realizado fertilização com óvulos doados. Em 17 amostras as baixas expressões dos antígenos RHCE estavam presentes em ambas de mãe e RN, 23 somente em RN e em 9 somente nas amostras de mãe.
DiscussãoAntes de liberar um resultado com incompatibilidade deve-se investigar todas as possíveis causas antes da liberação do laudo, tais como: troca de amostra e erro de identificação. Além disso, um teste de paternidade pode ser solicitado em casos mais extremos.
ConclusãoÉ imprescindível que o laboratório faça a resolução da incompatibilidade materno-fetal que possa gerar dúvidas sobre o vinculo genético, portanto, é de extrema importância elucidar esses casos antes da liberação do resultado final.