
Pacientes com Doença de Crohn (DC) apresentam um risco aumentado de malignidades, incluindo Linfoma não Hodgkin. Embora estudos indiquem um risco global de câncer semelhante ao da população em geral, há um aumento específico no risco de linfomas associados à DC, particularmente Linfoma não Hodgkin de células B. Fatores como inflamação crônica e uso de imunomoduladores podem contribuir para este risco.
ObjetivosRelatar o caso de um paciente com DC que após tratamentos para a doença apresentou Linfoma não Hodgkin de células B foliculares sendo submetido a tratamento com imunobiológico rituximabe apresentando remissão do linfoma.
Materiais e métodosAs informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente e revisão de literatura.
Descrição do casoPaciente do sexo masculino, 65 anos, com histórico de DC diagnosticada em 2013. A doença apresentou episódios recorrentes de suboclusão intestinal, dor abdominal e anemia. Colonoscopia em abril de 2017 revelou ileite erosiva moderada. Em julho de 2018, a enterotomografia indicou espessamento parietal e linfonodos pericecais aumentados, com níveis elevados de calprotectina. O paciente foi tratado com ustekinumab desde 2018, após falha com mesalazina, imunossupressores e corticoterapia. Achados e Diagnóstico: Durante uma endoscopia digestiva alta de rotina em 2023, foi identificada uma lesão ulcerada rasa na segunda porção duodenal. O exame histopatológico revelou duodenite crônica ulcerada com hiperplasia linfoide folicular, e o estudo imuno histoquímico confirmou linfoma de células B foliculares grau 1-2. A tomografia por emissão de pósitron (PET/CT) revelou linfonodos hiper metabólicos intra-abdominais e cervicais bilaterais, sugerindo infiltração linfomatosa. Tratamento e Evolução: O paciente recebeu tratamento com rituximabe (1 vez por semana durante 4 semanas). A endoscopia subsequente mostrou nódulo remanescente na segunda porção duodenal, mas com duodenite crônica leve e linfocitose intraepitelial mínima. O PET/CT de acompanhamento não revelou lesões hiper metabólicas adicionais. O paciente foi reestadiado com ausência de evidências de linfoma ativo.
DiscussãoDiscute-se o aumento de risco de Linfoma não Hodgkin em pacientes com DC em uso de imunossupressores. Pacientes com linfoma folicular em geral são acompanhados clinicamente e não necessitam de quimioterapia antineoplásica até ocorrência de sintomas “B”, sinais clínicos de aumento da massa tumoral ou comprometimento da função de outro órgão pelo linfoma. Existe uma variabilidade de esquemas terapêuticos empregados particularmente quanto ao momento da introdução do rituximabe.
ConclusãoEste trabalho destaca a importância da monitorização contínua e do tratamento direcionado e mostra o sucesso da monoterapia com rituximabe no manejo de Linfoma não Hodgkin em pacientes com DC, evidenciada pela ausência de lesões hiper metabólicas na reavaliação.