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Informação da revista
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S917-S918 (outubro 2024)
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RELATO DE CASO: LEUCAFÉRESE PARA LACTENTE COM LEUCOSTASE SECUNDÁRIA A LEUCEMIA AGUDA
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378
LPS Fontenele, EAF Oliveira, LFF Dalmazzo, KJD Olio
Grupo GSH, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Introdução

A hiperleucocitose é definida por uma contagem periférica de leucócitos superior a 100.000/mm³. Na leucemia aguda, um número elevado de blastos e a sua interação com o endotélio vascular causam aumento da viscosidade na microcirculação resultando em uma síndrome conhecida como leucostase, uma emergência oncológica. O manejo inicial inclui uma hidratação agressiva, suporte transfusional criterioso e, para os casos de leucostase, pode ser indicado a leucaférese, além da quimioterapia precoce. No entanto, a falta de dados consistentes na literatura quanto a segurança e indicação em pediatria podem ser um impeditivo para sua realização.

Material e métodos

: Dados obtidos através da revisão de prontuário de um paciente pediátrico de Hospital geral privado de São Paulo em 2023.

Resultados

Paciente lactente do sexo masculino, com 40 dias de vida e peso 5 kg, com quadro de sonolência, febre, dificuldade respiratória, hipoxemia e perfusão tecidual ruim. Hemograma evidencia anemia, plaquetopenia e leucocitose importante com blastos em sangue periférico sugestivo de leucemia linfóide aguda. Iniciada hidratação e indicada leucaférese por leucostase. Paciente submetido a intubação orotraqueal e passagem de cateter de Schiley de 5 fr. Leucaférese realizada com equipamento Spectra optia com prime com concentrado de hemácias sem intercorrências. A contagem de leucócitos pré procedimento era de 525600/mm3 e a pós procedimento, 175000/mm3. Houve piora da plaquetometria, necessitando de transfusão, porém sem sangramentos. Realizada reposição profilática de cálcio. Evoluiu com melhora clínica progressiva, entrando em remissão após quimioterapia e, no momento, encontra-se internado para realização de transplante de medula óssea alogênico.

Discussão

A leucostase na leucemia aguda pode se apresentar com insuficiência respiratória, acidente vascular cerebral, distúrbios metabólicos, coagulopatia, insuficiência renal aguda e até óbito. A leucaférese é uma estratégia rápida e eficaz para reduzir a contagem de leucócitos. No entanto, a sua utilização é frequentemente contestada e controversa. Na literatura existem trabalhos que não mostram nenhuma melhora na sobrevida precoce e global e outros que sugerem melhora na sobrevida precoce. Há também discordância sobre a segurança do procedimento, alguns estudos mostrando altas taxas de complicações e outros não. Os riscos do procedimento incluem alterações hemodinâmicas, distúrbios eletrolíticos, sangramento relacionado ao uso de anticoagulação e riscos associados a cateteres centrais. No caso relatado, o paciente evoluiu com melhora clínica rápida, o que possibilitou realização de quimioterapia. Também não houve complicações graves relacionadas ao procedimento.

Conclusão

A hiperleucocitose pode desencadear sintomas de leucostase, com grande risco ao paciente, especialmente o pediátrico. A leucaférese é, então, uma importante ferramenta no manejo desses quadros, segura e que pode prevenir complicações potencialmente fatais, sem postergar o início da quimioterapia. Em nosso caso, o uso da leucaférese ocorreu sem complicações graves e foi efetiva na redução da leucometria, contribuindo para estabilização clínica e redução de potenciais complicações que pudessem atrasar o início da quimioterapia.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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