
A troca plasmática terapêutica (TPE), também conhecida como plasmaférese, é uma técnica extracorpórea que substitui o plasma dos pacientes para remover moléculas patogênicas. Os alvos comuns para remoção são anticorpos autoimunes, anticorpos específicos do doador, paraproteínas excessivas, citocinas e toxinas endógenas e exógenas. A TPE se tornou uma terapia padrão comumente usada e que salva vidas para várias condições de saúde em ambientes de terapia intensiva. A Sociedade Americana de Aférese (ASFA), destaca 77 doenças com 119 indicações para realização da plasmaférese. Além disso, existem 20 indicações de plasmaférese como tratamento de primeira linha (categoria I do ASFA) e 23 indicações como tratamento de segunda linha (categoria II do ASFA). A segurança da plasmaférese depende significativamente da experiência da equipe terapêutica e da gravidade da doença que está sendo tratada. A plasmaférese é frequentemente considerada em situações críticas, principalmente quando há alto risco de dano irreversível ao órgão ou morte sem intervenção imediata.
ObjetivosDescrever as principais indicações clínicas de plasmaférese realizadas no período de 2021 a 2024, no hospital da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope).
Material e métodosEstudo descritivo e retrospectivo realizado através de coleta de dados secundários registrados no livro de ocorrências do setor de plasmaférese terapêutica do Hemope. A população de estudo foi composta por pacientes internados na instituição e de outros serviços de saúde, em tratamento de plasmaférese.A análise de dados foi realizada no programa Microsoft Excel para tabulação das informações.
ResultadosVerificou-se que 186 pacientes foram submetidos às sessões de plasmaférese, dos quais 58,6% eram do sexo feminino e 41,4% do sexo masculino. As principais indicações foram: Rejeição de Transplante Renal (41,3%), Neuromielite Óptica (20,7%), Púrpura Trombocitopênica Trombótica (20,7%), Mielite Transversa (8,7%) e Esclerose Múltipla (3,8%).
DiscussãoA troca de plasma terapêutica é um procedimento terapêutico vital para o tratamento de vários distúrbios, alguns dos quais incluem os sistemas hematológico, autoimune e neurológico. Essa técnica envolve a remoção, o tratamento e a reinfusão do plasma de um paciente. A plasmaférese desempenha um papel fundamental na rápida remoção de anticorpos prejudiciais, complexos imunes e fatores inflamatórios da corrente sanguínea. Os desafios incluem possível piora da hemodinâmica; desequilíbrios eletrolíticos; histórico de reação anafilaxia prévia a um dos componentes da plasmaférese, como albumina, citrato ou heparina; coagulopatias, riscos de infecção e de trombose. Estudo retrospectivo realizado em um centro de hematologia na França, identificou nas sessões de TPE efeitos adversos,com hipocalcemia (19,6%) e hipotensão (15,2%) sendo os mais comuns; efeitos adversos graves ocorreram em apenas 5,4% dos pacientes. Portanto, a avaliação criteriosa da indicação, o monitoramento contínuo, o controle da pressão arterial e a reposição de fluidos e eletrólitos são essenciais para evitar complicações potenciais da plasmaférese.
Considerações finaisVerificou-se no estudo predomínio da plasmaférese na rejeição de transplante renal, que é tido na atualidade como excelente método terapêutico para os pacientes renais crônicos graves. A indicação da plasmaférese reduz a morbimortalidade, aumenta a sobrevida e melhora o prognóstico de pacientes com diversas patologias.