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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S916 (outubro 2024)
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PLASMAFERESE COMO TRATAMENTO PARA PANCREATITE POR HIPERTRIGLICERIDEMIA: RELATO DE CASO
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KB Fonseca, ALA Magno, BNMD Couto, JO Martins
Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia (GSH), Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivos

: Relatar um caso de pancreatite por hipertrigliceridemia tratado com plasmaférese terapêutica em um hospital particular da cidade do Rio de Janeiro.

Material e métodos

: Dados clínicos e laboratoriais coletados do prontuário eletrônico da paciente e do sistema de laboratórios do hospital. Sessões de plasmaférese terapêutica utilizando a máquina de fluxo contínuo Spectra Optia®.

Resultados

: Mulher, 42 anos, sem comorbidades, refere início de dor abdominal em barra e de forte intensidade, associada a náusea e vômitos. Procurou emergência onde foi diagnosticada com pancreatite aguda. Durante análise laboratorial, ficou evidente o aspecto leitoso do soro da paciente característico de hipertrigliceridemia (9.200 mg/dL) e hipercolesterolemia (1.200 mg/dL de Colesterol total). Não houve evolução do quadro clínico a despeito de jejum há mais de quatro dias sendo a única modificação a elevação do valor de triglicerídeos. Devido a quadro sem melhora associado a fatores de risco, foi indicada plasmaférese terapêutica para redução de hipertrigliceridemia. Foram realizadas duas sessões em dias consecutivos com a troca de 1 volemia e utilizando soro albuminado como líquido de reposição. Após a segunda sessão, paciente apresentou melhora dos valores de triglicerídeos (642 mg/dL) e do quadro clínico sendo retornada dieta líquida de prova com posterior evolução para dieta oral livre. Paciente de alta e encaminhada para avaliação e investigação de possível hipertrigliceridemia familiar devido a histórico relatado em parentes.

Discussão

: Segundo o guideline de 2023 da American Society for Apheresis (ASFA), a plasmaférese na pancreatite por hipertrigliceridemia é classificada como Categoria III, grau de recomendação 1C em casos graves. Isso se deve aos poucos estudos randomizados envolvendo pacientes com a doença ficando restrito a alguns estudos caso-controle ou meta analises. O racional para uso da plasmaferese consiste no fato de que o procedimento é capaz de reduzir entre 50 a 90% os níves de triglicerídeos por sessão além de retirar citocinas e outros marcadores inflamatórios que podem contribuir para a manutenção do quadro. Ainda assim, as indicações para plasmaférese estão restritas a pacientes refratários a terapia de suporte e que apresentam hipocalcemima, acidose lática ou que apresentam sinais de piora inflamatória ou disfunção orgânica. A paciente em questão estava há mais de quatro dias em tratamento de suporte sem melhora e apresentava quadro de hipocalcemia e piora inflamatória sendo optado por iniciar as sessões de plasmaférese.

Conclusão

: A Plasmaférese Terapêutica pode ser uma importante ferramenta na redução da hipertrigliceridemia e seus efeitos na pancreatite aguda. Porém, é importante reservar a indicação apenas em casos com sinais de gravidade e não responsivos a terapia de suporte devido ao potencial de morbidade inerente ao procedimento (colocação de cateter profundo, efeitos colaterais do anticoagulante) além dos custos referentes ao processo e materiais. Ainda são necessários dados mais robustos para garantir os benefícios desta indicação.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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