
A hemofilia consiste em um distúrbio de coagulação no qual o indivíduo acometido tem episódios de sangramento intenso ao menor trauma que seja devido à falta de algum dos fatores envolvidos na hemostasia sanguínea. Para evitar tais episódios os pacientes realizam de forma profilática a reposição do fator específico no qual possui deficiência, através de diversas administrações intravenosas de forma contínua, muitos de forma ambulatorial necessitando ir ao Hemocentro, muitas vezes percorrendo longínquas distâncias devido o acesso a tais medicações ser apenas em sua maioria nos centros especializados de hematologia. A forma de administração do medicamento, que pode causar sofrimento ao paciente, somado a fatores biopsicossociais culminam em um dos maiores obstáculos vivenciados pela equipe multidisciplinar quando se fala em atendimento ao paciente, a falta de adesão ao tratamento por meio destes, estando diretamente relacionada ao aumento da morbimortalidade dos pacientes devido a complicações da falta de controle de doenças crônicas. Frente ao exposto, o presente estudo tem como objetivo investigar as relações entre adesão ao tratamento e qualidade de vida em pessoas com Hemofilia que têm sido publicadas na literatura científica.
MétodosTrata-se de uma revisão de literatura, nos padrões da revisão integrativa. Sendo realizada buscas no período de janeiro a maio de 2022 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed e Cochrane. utilizando os descritores “Adherence”, “Quality of Life”e “Hemophilia”, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola publicados em periódicos científicos.
Resultados e discussãoForam incluídos seis artigos na revisão, sendo que cinco analisaram adultos e crianças, e um investigou crianças e adolescentes. O número de participantes abrangidos nos estudos variou de 24 a 117. Além disso, 100% dos estudos encontraram relação significativa entre adesão ao tratamento e qualidade de vida. Observou-se também que todos os artigos científicos apresentaram nível de evidência científica VI. Na Espanha, 78 portadores de hemofilia grave, de 14 hospitais, com idade entre 6 e 20 anos foram investigados. Observou-se excelente adesão à profilaxia e que a adesão está relacionada à redução do sangramento e dor articular contribuindo para o aumento da QV. Em outro estudo, portadores de hemofilia A, foram abordados quanto aos padrões de tratamento de saúde relacionados à qualidade de vida e a adesão à profilaxia. Neste também se evidenciou que a profilaxia leva à melhores resultados.
ConclusãoDiante do exposto é possível inferir que há uma relação direta entre a adesão ao tratamento e a melhora da qualidade de vida, onde as mesmas estão relacionadas de maneira positiva. Os estudos selecionados também ressaltaram a necessidade contínua do engajamento do trabalho da equipe multiprofissional, a fim de trabalhar as diversas variáveis relacionadas com a adesão à farmacoterapia.