
A terapia CAR-T cell é uma inovadora modalidade terapêutica que revolucionou o tratamento das doenças oncohematológicas. Atualmente, dispomos de alguns medicamentos com CAR-T cell aprovados no Brasil e para indicações restritas. O processo de produção consiste em coletar células T autólogas (do próprio paciente) e modificar geneticamente em laboratório, para que elas possam ser reinfundidas após readquirir a capacidade de identificar e assim destruir as células doentes. O objetivo deste protocolo é padronizar os cuidados farmacêuticos ao paciente em tratamento com o CAR-T cell em uma rede de hospitais.
Materiais e métodosTrata-se de um relato de experiência do tipo descrição informativa. O cenário do nosso estudo compreende uma rede nacional de saúde integrada, da qual três hospitais são referências no tratamento do paciente oncohematológico.
ResultadosA diretriz foi desenvolvida e implementada pela farmácia clínica corporativa, visando a capacitação das equipes de farmacêuticos clínicos nas unidades de atuação. O medicamento padronizado na rede de hospitais, possui duas indicações clínicas: leucemia linfoblástica aguda de células B em pacientes pediátricos e adultos (até 25 anos), em segunda recidiva e/ou pós transplante. Linfoma difuso de grandes células B em pacientes adultos com doença refratária ou recidivado após duas ou mais linhas de terapia. A seguir as etapas do tratamento, onde o farmacêutico atua no acompanhamento clínico: coleta de células (leucaférese); período da manufatura do medicamento: neste período poderá ser necessária a realização de quimioterapia para redução da carga tumoral (terapia ponte); esquema quimioterápico para linfodepleção; recebimento, armazenamento e transporte das células CAR-T; administração do medicamento; cuidados específicos pós-infusionais.
DiscussãoA construção desta diretriz revela os desafios sobre os cuidados farmacêuticos em procedimentos inovadores e de grande complexidade como a terapia CAR-T cell, alinhando a implantação e determinação de rotinas específicas em uma rede nacional de saúde integrada. Após o período de implantação do protocolo foram realizados oito procedimentos em dois dos hospitais da rede, e todos os pacientes submetidos a terapia tiveram boa evolução e desfecho favorável. O farmacêutico clínico realizou o acompanhamento do paciente em todos as etapas que envolvem o procedimento (anamnese e conciliação farmacêutica, análise da prescrição médica, avaliação dos exames laboratoriais e sinais clínicos), focado no monitoramento de toxicidade e realizando as intervenções necessárias junto ao corpo clínico. No momento da alta foi realizada a orientação para extensão dos cuidados relacionado ao uso dos medicamentos prescritos para uso em casa.
ConclusãoNosso estudo destaca a importância da implantação corporativa de uma diretriz unificada de cuidados farmacêuticos em uma rede com hospitais especializados na terapia CAR-T cell, e da participação ativa do farmacêutico clínico na equipe multiprofissional, garantindo a eficácia e segurança do paciente.