
Descrever o novo protocolo de Neutropenia Febril implementado em unidade de internação de onco-hematologia para identificação e tratamento precoces de febre em pacientes neutropênicos potencialmente graves.
Material e métodosO Hospital Regional do Vale do Paraíba, referência em Onco-Hematologia na região, já possui protocolo formulado para tratamento de neutropenia febril, que consiste em, após a identificação de febre, o médico indicar coleta de culturas e instituição de antibioticoterapia pré-estabelecida em até 1 hora, conforme guidelines mundiais. Porém em nossa realidade o médico intercorrista, de especialidade diversa, pode por vezes estar ocupado, o que pode culminar em atraso no atendimento, com potencial prejuízo. A partir dessa observação se iniciou um trabalho conjunto para tentar melhorar esse fluxo, juntamente com equipe de enfermagem e Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH), de forma a se construir uma rotina padronizada em Neutropenia Febril, com intuito de identificação e manejo adequado e veloz dos quadros agudos. Em junho de 2023 foi iniciada uma nova rotina no serviço, que prevê coleta de culturas e primeira dose de antibótico prescritos pela enfermagem, através de prescrição padrão, para pacientes pré-sinalizados em prontuário informatizado por estarem neutropênicos. São critérios de inclusão ao protocolo pacientes onco-hematológicos, com contagem de neutrófilos abaixo de 1.000 células/mm3 que apresentem febre, definida como temperatura axilar maior ou igual a 37,8°C e que foram sinalizados pelo hematologista como candidatos ao protocolo. Logo após atendimento de enfermagem e sua prescrição, é acionado o médico intercorrista da instituição, via ligação telefônica, o qual por sua vez deve dirigir-se ao setor de internação, avaliar o paciente e prescrever as doses subsequentes de manutenção do(s) antibiótico(s) assim que possível.
DiscussãoO protocolo de Neutropenia Febril criado em nossa instituição se pauta na ideia de que pacientes neutropênicos são potencialmente graves e, ao apresentarem febre, devem ser candidatos a medidas rápidas conforme guidelines mundiais. Em nossa realidade, de hospital público, sem hematologista presente vinte quatro horas, o atraso de atendimento pode ocorrer por diversos motivos. Espera-se que haja redução para o tempo de início de antibiótico após adoção do protocolo multidisplinar de tratamento de Neutropenia Febril. Em segundo momento de estudo, estão sendo comparados os dados doze meses antes e doze meses após a instituição do protocolo, avaliando intervalo de tempo entre febre e início de antibiótico e mortalidade.
ConclusãoPacientes com neutropenia febril possuem alta mortalidade e seu atendimento rápido é importante, mas nem sempre fácil em nossa realidade. A diminuição do tempo de tomada de medidas nesses casos pode melhorar desfechos. A utilização de um protocolo multidisciplinar simples, com utilização de ferramentas fáceis e disponíveis em prontuário informatizado, visa encurtar o período de tomada de decisão, incluindo no processo outras equipes de cuidado, como enfermagem, farmácia, laboratório e SCIH, com educação contínua e esforço mútuo.