
A transmissão de doenças infecciosas através do sangue é conhecida desde antes da existência dos primeiros bancos de sangue. Uma das maiores intranquilidades por parte dos serviços é a transmissibilidade de doenças infecciosas por transfusão de sangue. Para que isso aconteça, o agente infeccioso presente no sangue do candidato a doação de sangue seja transmitido durante a doação. Dentre as principais doenças transmissíveis por transfusão de sangue, estão as hepatites virais, a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome) e a sífilis. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, seccional retrospectivo dos prontuários do setor de Hemovigilância de um banco de sangue em uma região do nordeste brasileiro, no período de janeiro a dezembro de 2021. Objetivou-se traçar o perfil epidemiológico dos candidatos com resultados sorológicos positivos para algumas doenças/infecções (hepatites B e C, HIV, HTLV, CHAGAS e sífilis) entre a clientela de um banco de sangue em uma região do nordeste brasileiro. Resultados: Durante o período estudado, foram bloqueados 329 candidatos à doação de sangue por positividade a doença infecciosa, destes 81% (266) foram reagentes e 19% (63) inconclusivos. Dos exames reagentes e inconclusivos39,5% (130) foram do gênero feminino, e 60,4% (199) do gênero masculino. Em relação à localização51% (168) residem na capital e 47,4% (156) no interior e 1,5% (05) em outros estados. Quanto à positividade para hepatite B 45% (148), hepatite C 1,8% (06), HIV 5,4% (18), HTLV 3,0% (10), sífilis43% (141) e CHAGAS 1,8% (06). Em relação ao diagnostico 81% (266) foi reagente. Discussão: A taxa de descarte sorológico não caracteriza a prevalência de uma determinada infecção na população de doadores de sangue, entretanto retrata um conjunto de variáveis importantes para garantir a qualidade do sangue, e que é assegurado através da triagem sorológica para evitar a transmissão de doenças infecciosas. O estudo mostrou que a maioria da positividade das doenças infecciosas foram em indivíduos do sexo masculino, que podem estar relacionados a aspectos como o uso de drogas injetáveis, promiscuidade e relações sexuais desprotegidas. Conclusão: Os dados apontam para a necessidade de modificar a abordagem dos candidatos a doação de sangue, para a revisão dos procedimentos de captação e, principalmente, para a importância de uma profunda reavaliação da orientação/conscientização dos candidatos à doação, adequando os métodos empregados ao público-alvo, na tentativa de torná-los mais eficazes.