
A disponibilidade de um suprimento seguro, eficaz e suficiente de sangue e produtos sanguíneos, bem como seu uso, é o ideal para os pacientes e sustenta a prática de medicina Moderna. Os antígenos de grupo sanguíneo são determinantes antigênicos presentes na superfície das hemácias e que podem induzir uma resposta imune. Os sistemas de grupos sanguíneos mais importantes na medicina transfusional são ABO/RH, seguidos pelos grupos Kell, Duffy, Kidd e MNSs. A fenotipagem eritrocitária, portanto, é um procedimento que aumenta a segurança transfusional sanguínea, especialmente em pacientes cronicamente dependentes de transfusões de sangue. A análise do perfil antigênico dos doadores de sangue permite avaliar a frequência dos grupos sanguíneos nos sistemas ABO/RHD, norteando estratégias que visam aumentar o número de doadores do HRS, de acordo com as necessidades das demandas hospitalares, considerando que este Hemocentro é responsável pela assistência Hemoterápica em 59 municípios da Região Norte do Estado do Ceará. A população do Brasil é uma das mais heterogêneas no mundo, sendo resultado do cruzamento de raças de 3 continentes ao longo de mais de 500 anos: os colonizadores europeus, principalmente de Portugal e Itália, escravos africanos, e população ameríndia local. Essa grande miscigenação racial do país promove, outrossim o desenvolvimento de polimorfismos dos eritrocitários oriundos destas heranças genéticas múltiplas.
Material e métodosAtravés de estudo retrospectivo foram levantados dados dos relatórios de “Estatística de Doador”, registrado no Sistema de Bancos de Sangue SBS Web compreendendo o período de 01/01/2021 a 31/05/2022.
ResultadosForam determinadas 24.821 fenotipagens ABO/RH, sendo observada para o grupo RHD positivo a frequência de 22.269 (89,72%) distribuída como 48,09% O+; 31,91 % A+; 7,32% B+; e 2,4% AB+. No que se refere ao grupo RHD negativo, constatou-se a frequência de 2.552, (10,28%), sendo 5,73% O-; 3,38% A-; 0,86% B-; e 0,31% AB-.
ConclusãoFoi constatado que o grupo sanguíneo O positivo é o mais frequente, estando em acordo com a estatística de trabalhos realizados na região. Conhecer a prevalência dos dois sistemas de grupos sanguíneos mais importantes (ABO/RH) é fundamental para a Medicina Transfusional considerando que a incompatibilidade ABO leva ao óbito. O baixo percentual de doadores RHD negativo repercute em preocupação dos serviços de Hemoterapia considerando que, em casos de pacientes com iminente risco de vida, pode-se utilizar o recurso de infundir este tipo sanguíneo mesmo sem a realização ou término dos testes pré-transfusionais, conforme preconizados na literatura e legislações vigentes.