
O sistema Rh é o maior e mais complexo sistema de grupo sanguíneo, devido a capacidade imunogênica de seus antígenos. Atualmente são mais de 49 antígenos presentes nesse sistema, sendo os cinco principais antígenos: D; C; c; E; e. Além disso, apresenta grande interesse clínico por seus anticorpos estarem envolvidos em destruição eritrocitária imunomediada. O sistema do grupo sanguíneo Kell (K1), pode ser detectado a partir da 10ª semana de gestação e em termo de imunogenicidade só perde sua importância clínica transfusional para os grupos ABO e Rh. Possui importância transfusional, pois seus anticorpos podem causar uma reação hemolítica mediana a severa. Portanto, entende-se que ter o conhecimento do perfil dos fenótipos dos sistemas Rh e Kell(K1), proporciona aos pacientes uma maior segurança e minimiza as possíveis reações transfusionais que por muitas vezes são graves.
ObjetivosMapear o perfil fenotípico do sistema Rh/Kell(K1) dos pacientes atendidos no Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC) entre o período de Janeiro de 2017 à Junho de 2022.
Material e métodosEstudo retrospectivo, através da análise do banco de dados dos pacientes com recomendação do teste de fenotipagem Rh e Kell(K1) atendidos Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC) no munícipio de São Paulo no período de janeiro de 2017 a junho de 2022. As informações coletadas referentes ao fenótipo Rh e Kell(K1) foram quantificadas, a fim de promover uma análise da frequência dos antígenos D; C; c; E; e; Cw; K na população estudada, expressando os resultados em número total e porcentagem.
ResultadosDurante o período, foram analisados os dados dos resultados do teste de fenotipagem para o sistema Rh e Kell(K1) de 492 pacientes. Os dados apresentados referem-se as fenotipagens realizadas para os antígenos D, C, c, E, e,Cw, K. Das 492 amostras fenotipadas para o sistema Rh, 81,7% (402) foram Rh-positivo e 18,3% (90) Rh-negativo, sendo as frequências dos antígenos encontradas de: 31,1% (153) R1r; 17,3% (85) rr; 14,6% (72) R1R1; 11,4% (56) R0r; 11,4% (56) R2r; 9,3% (46) R1R2; 2,4% (12) R2R2; 0,8% (4) R1Rz; 0,8% (4) r'r ; 0,2% (1) R2Rz; 0,2% (1) R1wRz; 0,2% (1) R1wR2; 0,2% (1) r”r. Para o sistema Kell, 96,5% (475) foram K1 negativo e 3,5% (17) K1 positivo.
DiscussãoA frequência fenotípica encontrada em nossos pacientes está em concordância com a média descrita na literatura nos sistemas dos grupos sanguíneos estudados. Encontramos somente uma frequência superior na fenotipagem R0r (11,4%), sendo que a média encontrada na literatura é de 2,1%. A disposição dos antígenos na população pode variar dentre os grupos étnicos de um país. A população brasileira é altamente miscigenada levando a alterações significativas nas frequências desses antígenos. Realizar o mapeamento dos fenótipos, proporcionam uma maior adequabilidade na seleção da transfusão.
ConclusãoO conhecimento do perfil antigênico do sistema Rh e Kell dos pacientes, tem sido essencial para melhor gestão do estoque de hemocomponentes. Disponibilizar sangue fenótipo compatível para o receptor, reduzir o riscode aloimunização, reações transfusionais hemolíticas e doença hemolítica perinatal (DHPN) mediadas por estes antígenos. A análise dos dados nos permite reavaliar e melhorar a estratégia para a manutenção de estoque, de maneira a atender às necessidades dos pacientes.