HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA triagem sorológica de doadores de sangue inclui a Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI), essencial para identificar aloanticorpos com potencial impacto clínico. A presença desses anticorpos pode estar relacionada a exposições anteriores, como gestação ou transfusões, sendo crucial sua detecção para prevenir reações transfusionais. A identificação precoce desses anticorpos contribui para aumentar a segurança transfusional e para o direcionamento adequado de bolsas de sangue.
ObjetivosAnalisar o perfil dos doadores de sangue com resultado positivo na Prova de Antiglobulina Indireta (PAI) em um hemocentro público do Rio Grande do Norte, destacando a frequência, características demográficas e especificidades dos anticorpos detectados.
Material e métodosEstudo descritivo, retrospectivo, baseado na análise dos dados de doadores triados pelo Hemonorte no ano de 2024. Foram incluídos todos os doadores que apresentaram resultado positivo na PAI. As informações foram obtidas dos registros laboratoriais e incluíram sexo, faixa etária e especificidades dos anticorpos identificados. A frequência foi calculada com base no total de doadores triados no período.
ResultadosEm 2024, foram triados 46.238 doadores no Hemonorte. Desses, 161 apresentaram PAI positiva, correspondendo a uma frequência de 0,348%. A maioria dos casos foi do sexo feminino, com 101 mulheres (62,7%) e 60 homens (37,3%). Entre as mulheres, 93 (92,1%) tinham entre 19 e 50 anos ‒ faixa etária considerada fértil, importante pelo risco de aloimunização e implicações na saúde materno-fetal. Entre os homens, as idades variaram de 21 a 69 anos. Em 33 dos 161 casos com PAI positivo foram identificadas as especificidades dos anticorpos. Os mais frequentemente detectados foram o anti-D (13 casos) e o anti-M (10 casos), seguidos por anti-Lea (4), anti-E (3), anti- C (2) e anti-Jka (1). Estes anticorpos pertencem, majoritariamente, ao sistemas Rh, que estão entre os mais imunogênicos e frequentemente associados a reações transfusionais e complicações clínicas.
Discussão e conclusãoA triagem de anticorpos irregulares demonstrou ser uma ferramenta indispensável para a segurança transfusional, especialmente diante da identificação de anticorpos clinicamente significativos. A predominância de mulheres em idade fértil entre os doadores com PAI positivo destaca a importância da imunoprofilaxia anti-D e do acompanhamento clínico adequado em futuras doações e gestações, prevenindo complicações como a doença hemolítica perinatal. A presença de anticorpos do sistema Rh e outros, como anti-M e anti-Lea, evidencia a necessidade de manter políticas de triagem rigorosas e estratégias de prevenção à aloimunização. Ademais, reforça- se a importância da constante atualização dos protocolos laboratoriais e da capacitação das equipes de hemoterapia no serviço público.
Referências:
- 1.
Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 1.353, de 13 de junho de 2011.
- 2.
ABHH – Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Manual Técnico de Imunohematologia. 2ª ed. 2021.
- 3.
Daniels G. Human Blood Groups. 3rd ed. Wiley-Blackwell, 2013.
- 4.
Sistema HEMOVIDA – Hemonorte.




