HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA triagem sorológica de doadores de sangue inclui a Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI), essencial para identificar aloanticorpos com potencial impacto clínico. A presença desses anticorpos pode estar relacionada a exposições anteriores, como gestação ou transfusões, sendo crucial sua detecção para prevenir reações transfusionais. A identificação precoce desses anticorpos contribui para aumentar a segurança transfusional e para o direcionamento adequado de bolsas de sangue.
Descrição do casoNo ano de 2024, o Hemonorte realizou triagem em 46.238 doadores, dos quais 161 apresentaram resultado positivo na Prova de Antiglobulina Indireta (PAI), correspondendo a uma frequência de 0,348%. A maioria dos casos foi do sexo feminino, com 101 mulheres (62,7%) e 60 homens (37,3%). Entre as mulheres, 93 (92,1%) estavam na faixa etária entre 19 e 50 anos, considerada idade fértil, fator relevante por seu impacto na saúde materno-fetal. A aloimunização em mulheres nessa faixa etária está relacionada ao risco de doença hemolítica perinatal, especialmente em casos de anticorpos do sistema Rh, como o anti-D. Entre os homens, as idades variaram de 21 a 69 anos. Em 33 dos 161 casos com PAI positivo foram identificadas as especificidades dos anticorpos. Os mais frequentemente detectados foram o anti-D (13 casos) e o anti-M (10 casos), seguidos por anti-Lea (4), anti-E (3), anti-C (2) e anti-Jka (1). Estes anticorpos pertencem, majoritariamente, ao sistemas Rh, que estão entre os mais imunogênicos e frequentemente associados a reações transfusionais e complicações clínicas.
ConclusãoA triagem de anticorpos irregulares demonstrou ser uma ferramenta indispensável para a segurança transfusional, especialmente diante da identificação de anticorpos clinicamente significativos. A predominância de mulheres em idade fértil entre os doadores com PAI positivo reforça a importância de medidas preventivas como a imunoprofilaxia anti-D, além do seguimento clínico adequado em futuras doações e gestações. A análise dos dados obtidos reforça a necessidade de manter políticas de triagem rigorosas, estratégias de prevenção à aloimunização e a constante atualização dos protocolos laboratoriais no serviço público de hemoterapia.
Referências:
- 1.
Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n° 1.353, de 13 de junho de 2011.
- 2.
ABB – Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. Manual Técnico de Imuno-hematologia. 2ª ed. 2021. 3. Daniels G. Human Blood Groups. 3rd ed. Wiley-Blackwell, 2013.
- 3.
Sistema HEMOVIDA – Hemonorte.




