HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão de hemocomponentes é uma prática comum em pediatria, especialmente no primeiro ano de vida, devido à imaturidade do sistema hematopoiético, ao crescimento acelerado e à maior suscetibilidade a infecções. Recém-nascidos prematuros, lactentes com anemias, coagulopatias, sepse ou submetidos a cirurgias complexas são frequentemente submetidos à terapia transfusional. No entanto, há poucos estudos que caracterizem o perfil diagnóstico desses pacientes, o que dificulta a padronização de condutas e o uso racional de hemocomponentes. Assim, identificar os principais diagnósticos associados à transfusão em crianças menores de 1 ano é fundamental para qualificar a assistência e reduzir riscos relacionados à prática transfusional.
ObjetivosIdentificar e analisar os principais diagnósticos associados à indicação de transfusões sanguíneas em crianças hospitalizadas com até 1 ano de idade.
Material e métodosRealizado estudo retrospectivo, observacional e descritivo, a partir da análise dos prontuários das crianças que receberam transfusões de hemocomponentes, nas unidades assistenciais atendidas pelo banco de sangue do Grupo GSH em Brasília, entre 01/01/2025 e 30/06/2025. O estudo envolveu a coleta de dados clínicos e diagnósticos, com foco nas indicações transfusionais.
ResultadosDos 44 prontuários analisados, 24 (55%) eram do sexo masculino e 20 (45%) do sexo feminino. Em relação aos diagnósticos observados, destacam-se os seguintes achados: prematuridade extrema (n = 14; 31,82%), cardiopatia congênita (n = 7; 15,9%), bronquiolite (n = 6; 13,64%), gastroenterite com sepse (n = 4; 9,1%), outras má formações congênitas (n = 4; 9,1%), encefalopatias (n = 3; 6,82%), icterícia por incompatibilidade ABO/Rh materna (n = 3; 6,82%) e síndrome respiratória aguda (n = 3; 6,82%).
DiscussãoA análise não revelou diferença importante entre os sexos. Em relação ao diagnóstico, a prematuridade extrema foi a condição mais prevalente entre os pacientes transfundidos, muitas vezes associada a complicações respiratórias, como a síndrome do desconforto respiratório aguda, confirmando os dados encontrados na literatura. Má formações congênitas, como as cardiopatias congênitas e encefalopatias também se destacaram, evidenciando a necessidade de intervenções precoces e acompanhamento multidisciplinar. Condições infecciosas, em especial a bronquiolite e a gastroenterite, muito comuns nessa faixa etária, também foram indicações de transfusão nessa população. Além destas, alguns casos de incompatilibidade ABO/Rh, foram relacionados a transfusão de sangue na população neonatal. Nossos achados demonstram o período neonatal como o mais crítico para os pacientes, em relação as indicações para transfusão de sangue, reforçando a importância do acompanhamento e do cuidado pré natal e neonatal precoce.
ConclusãoA prematuridade e as más formações congênitas foram as principais condições associadas a transfusão de sangue na população pediátrica até 1 ano. A identificação precoce e o manejo adequado dessas condições são fundamentais para reduzir a morbimortalidade neonatal e melhorar os resultados clínicos, reforçando a importância de uma abordagem integrada e contínua.




