HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO perfil de utilização de transfusão de sangue em cirurgia varia conforme o tipo de procedimento, características do paciente e da equipe médica envolvida. Conhecer o perfil da instituição é importante para elaboração de um protocolo de reserva cirúrgica adequado que garanta a segurança do paciente através do preparo antecipado de hemocomponentes e, ao mesmo tempo, promova a otimização de recursos, desestimulando a reserva excessiva e desnecessária.
ObjetivosAnalisar o perfil do hospital de utilização de concentrados de hemácias solicitados em reserva cirúrgica por especialidade.
Material e métodosEstudo retrospectivo realizado através da análise de todos os pedidos de reserva cirúrgica de hemocomponentes e utilização das bolsas reservadas no período de janeiro a junho de 2025 de um hospital privado de São Paulo.
ResultadosTivemos 331 cirurgias com pedidos de reservas cirúrgicas no período de janeiro a junho de 2025, com 671 unidades de hemácias reservadas, média de 2 bolsas por procedimento. Do total reservado, 25% foi utilizado (84 cirurgias e 164 concentrado de hemácias). A porcentagem de uso de acordo com a especialidade, em ordem decrescente, foi: plástica (68%), neurocirurgia (8%), ortopedia (7%), gastrocirurgia (5%), urologia (4%), cardiologia (2%), vascular (2%), oncologia (2%) e tórax (2%). As 3 cirurgias com maior uso de sangue foram: lipoaspiração de grande volume (67%), artrodese de coluna (5%) e citorredução de neoplasia maligna (4%).
Discussão e conclusãoA adequação do protocolo de reserva cirúrgica é uma das ações do Patient Blood Management (PBM) e tem grande importância para a segurança do paciente, e uso racional de hemocomponentes. Protocolos de reserva cirúrgica desatualizados e genéricos podem levar à reserva excessiva de hemocomponentes, logo a sua adequação evita o desperdício de recursos financeiros e humanos, liberando a equipe transfusional para focar em demandas urgentes, além de otimizar o gerenciamento de estoque de sangue que não ficará comprometido desnecessariamente por até 72 horas. Em nosso estudo a cirurgia de lipoaspiração foi a que mais utilizou sangue (67%), é o segundo procedimento mais realizado no Brasil. Com os avanços da tecnológicos, passaram a ser lipoaspiradas grandes áreas, o que pode levar à uma perda sanguínea significativa e à necessidade transfusional. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e o CFM determinaram parâmetros de volumes de segurança do aspirado e superfície corporal aspirada, ainda assim, a literatura de apoio para as recomendações é escassa. Os principais fatores de risco para transfusão em cirurgia plástica incluem anemia prévia, tempo cirúrgico prolongado, realização de procedimentos combinados, cirurgia em pacientes com histórico de cirurgia bariátrica, doença arterial coronariana, entre outros. Neste cenário, lançar estratégias PBM como avaliação pré operatória para detectar e corrigir anemia e promover a transfusão autóloga pode ser eficaz para reduzir a necessidade de transfusão alogênica, o que já tem sido descrito em literatura. A lipoaspiração de grande volume foi a responsável pelo maior uso de hemocomponentes no período estudado. Este procedimento tem sido cada vez mais realizado em instituições privadas. É de extrema importância que cada hospital conheça o perfil de uso de sangue na sua instituição de acordo com tipo de cirurgia e equipe envolvida, garantindo assim um preparo de sangue eficaz e adequado à sua realidade.




