
Toda transfusão de sangue, mesmo quando muito bem indicada, pode causar efeitos adversos indesejáveis, como reações transfusionais, podendo ainda acarretar danos irreversíveis. A ocorrência destas reações está associada a diferentes causas, por isso é importante a capacitação de todos os profissionais envolvidos na administração dos hemocomponentes para prontamente identificarem possíveis reações transfusionais e evitá-las.
ObjetivoCaracterizar as reações transfusionais ocorridas em hospital referência da zona Sul de São Paulo e contabilizar incidência de ocorrências adversas tanto em hospital pediátrico quanto no adulto.
Material e métodosEstudo retrospectivo e descritivo. Levantamento das ocorrências de reações transfusionais ocorridas no ano de 2021, e no primeiro semestre de 2022. Foi estratificado por hospital com atendimento a pacientes adultos e hospital com atendimento a crianças, tipo de reação ocorrida, tipo de hemocomponente e tipo sanguíneo. As informações foram retiradas de sistema informatizado e compiladas em excel para análise da frequência.
ResultadosEm 2021 e no primeiro semestre de 2022, foram realizadas 5.171 transfusões no total, no hospital referência da zona sul de São Paulo, somando o hospital com atendimento a adultos e o hospital com atendimento pediátrico. Foi constatada a incidência de 0,3% (19) de ocorrências relacionadas a reações transfusionais, sendo 79% (15) reações do tipo alérgicas e 21% (4) reação febril não hemolítica. Estratificando por hospital, tivemos: 52,6% (10) das reações alérgicas ocorreram com pacientes adultos e 26,3% (5) com pacientes pediátricos. Referente a reação febril não hemolítica, 15,7% (3) deste tipo de reação, ocorreu em pacientes adultos e 5,2% (1) em pacientes pediátricos. Os hemocomponentes envolvidos nas reações transfusionais foram: 52,6% (10) concentrado de hemácias; 31,5% (6) concentrado de plaquetas; 10,5% (2) plasma fresco congelado e 5,4% (1) crioprecipitado. Quanto ao tipo sanguíneo dos pacientes envolvidos em reações transfusionais foram: 63,2% (12) do tipo O+; 31,5% do tipo A+(6) e 5,3% (1) do tipo O-.
DiscussãoTodos os eventos adversos as reações transfusionais, foram classificadas como leves. O hemocomponente mais associado aos incidentes transfusionais, foi o concentrado de hemácias, provavelmente, por sua ampla utilização. Foi observado também maior incidência de reação transfusional no Hospital de atendimento a adultos do que no Hospital de atendimento pediátrico, o que está amplamente relacionado a maior quantidade de transfusões nos pacientes adultos. A reação mais frequente foi alérgica leve, foi estabelecido protocolo de medicação antialérgica para os pacientes que já tiveram reação, para evitar reincidência. Não houve relação de aumento de reação transfusional relacionado ao tipagem ABO/Rh dos pacientes.