
Relatar as experiências e percepções psicossociais dos atendimentos aos pacientes com doença falciforme (DF) atendidos no ambulatório da Fundação Hemominas- Belo Horizonte indicados para o TCTH.
Material e métodosRelato de experiência das profissionais de psicologia e serviço social a partir de atendimentos aos pacientes com DF indicados para o TCTH a partir de 2022. Os pacientes/famílias foram encaminhados em interconsulta pela equipe médica, agendamentos e livre demanda. Os atendimentos foram voltados para orientações das etapas que o paciente e possíveis doadores deveriam seguir para iniciar o processo de exames de compatibilidade. Nestes acolhimentos eram possível identificar demandas sociais, psicólogas e anseios relacionados ao transplante. Mediante demanda, o atendimento ocorria em conjunto, psicologia e serviço social. Através da escuta, da observação direta e do acompanhamento dos pacientes em diferentes fases, as profissionais obtiveram suas percepções acerca deste processo.
ResultadoNo atendimento do serviço social observou-se que o paciente/família apresentava dificuldade de compreender o processo inicial e a complexidade do transplante, devido à baixa escolaridade. Também foi observado dificuldades financeiras, conflitos familiares e questões relacionadas à saúde mental.No atendimento psicológico foi identificado nível de ansiedade elevado e inseguranças relacionadas à hospitalização prolongada, distanciamento de outros membros da família e falta de suporte social e familiar. Os sentimentos paradoxais também foram perceptíveis, uma vez que desejavam a cura, mas também tinham que lidar com os riscos inerentes do processo. Em alguns casos foi necessário o atendimento em conjunto das profissionais para proporcionar ao paciente/família o fortalecimento de vínculo, acolhimento humanizado e orientativo.Também foi proporcionado a algumas famílias contato com aquelas que já tinham realizado o transplante, para compartilhamento de experiência, o que gerava maior segurança e esperança para a cura da doença.
DiscussãoO TCTH é a única alternativa de tratamento curativo para a DF. Muitas vezes os pacientes que eram indicados para o transplante já possuíam comprometimento na qualidade de vida imposto pela própria doença, como histórico de crises álgicas, internações prolongadas, episódio de acidente vascular cerebral e realização frequente de transfusão sanguínea. A tomada de decisão para realizar o transplante pode ser difícil para muitos, pois se deparam com ansiedade, medo, insegurança e rede de apoio familiar fragilizada. Quando a equipe psicossocial oferece acolhimento às famílias na fase inicial com informações claras, espaço de escuta qualificada para expressão das angústias e das preocupações, podem propiciar maior segurança para os pacientes/famílias prosseguirem com o transplante mais conscientes do processo.
ConclusãoÉ necessário que o paciente indicado ao TCTH seja encaminhado para acolhimento e orientação da equipe psicossocial através de fluxos institucionalizados na fase pré-transplante.