
Avaliar os parâmetros hematológicos de recém-nascidos cardiopatas sindrômico (portadores da Síndrome de Down-SD) e cardiopata Não Sindrômico (NS).
MetodologiaA casuística constou de Recém-Nascidos (RN) diagnosticados com cardiopatia congênita, atendidos e acompanhados no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM), Manaus, Amazonas. Os dados hematológicos foram obtidos em Analisador Hematológico modelo ADVIA 120 e as análises estatísticas realizadas no software SPSS versão 23, de acordo com o tipo de variável, considerados estatisticamente significativos aqueles com p < 0,05.
ResultadosForam avaliados 98 RN, sendo 90 NS e 8 SD. Apesar de todos os dados hematológicos estarem levemente diminuídos em ambos RN, todos estavam dentro dos valores normais de referência. Destaca-se, porém, a contagem total de plaquetas, bem como os valores e índices hematimétricos apresentaram-se mais elevados nos RN SD, com diferenças significativas somente para o HCM (31,47 ± 2,21 [SD] vs. 28,34 ± 2,96 – p = 0,032) e RDW (19,77 ± 3,04 [SD] vs. 17,02 ± 2,85 – p = 0,033). Ressalta-se também que apenas os valores absolutos de linfócitos mostraram-se mais elevados nos RN SD, enquanto os valores absolutos de leucócito, neutrófilos, eosinófilos e monócitos mais elevados nos RN NS, contudo, sem nenhuma diferença significativa.
DiscussõesEstudos vêm demonstrando que pacientes portadores da Síndrome de Down apresentam risco elevado de desenvolver comorbidades cardiopatias, com prevalência chegando até a 50% em alguns estudos. Além disso, esses pacientes apresentam risco maior para desenvolver anemia macrocítica, anormalidades qualitativas e quantitativas plaquetária e leucemia. Contudo, neste estudo, talvez limitado pelo número pequeno de RN SD (8 no total) não foram demonstradas diferenças significativas em variáveis laboratoriais já bem relatados na literatura, como plaquetas e eritrócitos.
ConclusãoDe acordo com o presente estudo, RN SD não apresentaram diferenças significativas nos dados laboratoriais leucocitários e eritrocitários, no entanto, entendemos que RN sindrômico ou não, podem ser mais suscetíveis aos efeitos da anemia pelo fato de já apresentarem déficits no desenvolvimento motor e neurocognitivo relacionados à SD. Como a anemia pode facilmente ser tratável, principalmente com diagnosticado em tempo hábil, é importante monitorar os RN com SD realizando periodicamente um hemograma completo e identificando também estudos dos estoques de ferro, principalmente ferro e ferritina naqueles com anemia moderada ou grave. Por fim, esperamos que este estudo sirva de auxílio para o melhor entendimento e acompanhamento em recém-nascidos portadores de cardiopatias, principalmente àqueles sindrômicos.