
O hemograma é o exame laboratorial mais requisitado no Brasil, porém ele ainda não é padronizado. Os analisadores hematológicos automatizados, mais recentes, fornecem parâmetros adicionais que poderiam agregar aos já inclusos no hemograma.
ObjetivoComparar os parâmetros hematológicos, liberados pelos analisadores hematológicos, com aqueles liberados no laudo do hemograma para o cliente.
Material e MétodosEstudo descritivo realizado nos laboratórios de um município de médio porte, do estado de Minas Gerais, inscritos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. Foram realizadas entrevistas, através de questionário, a fim de obter informações sobre os parâmetros que os analisadores liberam e os que são disponibilizados no laudo do cliente. As informações sobre os analisadores hematológicos foram obtidas também nos sítios eletrônicos e manuais dos fabricantes, bem como os parâmetros reportados foram conferidos nos laudos liberados pelos laboratórios.
ResultadosForam entrevistados 16 laboratórios, sendo a maioria privada (94%), de médio porte (75%) e que realiza, exclusivamente, atendimento ambulatorial (62%). Nenhum dos laboratórios libera todos os parâmetros obtidos nos analisadores hematológicos para o cliente, ainda que a maioria não implique em gastos adicionais com reagentes. A variabilidade de tamanho dos eritrócitos (RDW) é liberada no laudo em 14 dos 16 laboratórios; volume plaquetário médio (VPM): 7 dos 14; variabilidade de tamanho das plaquetas (PDW) e plaquetócrito (PCT): 2 dos 10; granulócitos imaturos (IG): 0 dos 6; contagem de eritrócitos nucleados (NRBC): 0 dos 5; fração de plaquetas imaturas (IPF): 0 de 2; linfócito atípico/anômalo (LIA): 7 de 10; e taxa de plaquetas grandes (L-PCR): 0 de 1.
DiscussãoA falta de padronização do laudo do hemograma implica na não liberação de resultados relevantes para a avaliação de saúde dos pacientes, não apenas de parâmetros hematológicos recentes, mas também de outros já consagrados, como o RDW. O desconhecimento dos profissionais, tanto analistas quanto requisitantes, sobre a importância clínica de cada parâmetro pode justificar, em parte, a falta de liberação destes. Sendo assim, ações de educação em saúde, voltadas para este público, são necessárias. Outras possíveis justificativas para a não liberação são a ocorrência de interferentes pré e analíticos e a ausência de intervalos de referência para alguns destes. Neste contexto, se faz necessário envidar esforços para a resolução destas questões. Cumpre destacar ainda que, a não liberação dos parâmetros NRBC, IG e LIA, no hemograma, não acarreta em prejuízos reais ao paciente uma vez que as células, as quais os parâmetros se referem, devem ser identificadas e quantificadas no laudo.
ConclusãoTodos os laboratórios de análises clínicas avaliados possuem, pelo menos, um parâmetro que não é liberado no laudo do hemograma para o cliente, mesmo sendo liberados pelos analisadores hematológicos. Sendo assim, urge a padronização do hemograma para aprimorar o cuidado do paciente.