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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1230 (outubro 2024)
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O USO DE HIDROXIURÉIA PODE INTERFERIR NA AUTOEFICÁCIA DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA FALCIFORME?
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LM Borges, N Murad, HCM Moreira, CMCM Rosa, RA Concentino, RG Paula, LROGD Amaral, TB Mucari
Universidade Federal do Tocantins (UFTO), Palmas, TO, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivos

A hidroxiuréia é um dos principais tratamentos na Doença Falciforme (DF). Seu uso contribui na melhora da qualidade de vida de pacientes, na prevenção de complicações, na redução de crises e na diminuição de internações. A autoeficácia é um conceito que se refere à crença do indivíduo em sua capacidade de realizar tarefas e atingir objetivos específicos. O objetivo desse trabalho foi verificar a autoeficácia em adolescente e jovens adultos com Doença Falciforme e relacioná-la ao uso do medicamento Hidroxiuréia.

Material e métodos

Trata-se de pesquisa quantitativa, analítico-descritiva e transversal realizada no Ambulatório de Hematologia de Palmas-Tocantins, Brasil. Foram incluídos no estudo 25 adolescentes de 15 a 17 anos e 44 jovens adultos de 18 a 23, diagnosticados com doença falciforme e acompanhados no ambulatório. O uso do medicamento Hidroxiureia foi verificado no prontuário do paciente. Verificou-se a autoeficácia por meio do instrumento traduzido e validado: Sickle Cell Self-Efficacy Scale (SCSES). O instrumento foi aplicado no Ambulatório em sala privativa. Os dados foram tabulados em planilha do Excel (Microsoft Office Excel® 2022) com dupla conferência pelos pesquisadores e analisados no programa estatístico SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences - versão 22.0). Para identificar a associação utilizou-se o teste não paramétrico U de Mann-Whitney para dois grupos, ao nível de significância de 5%, seguido do teste de comparações múltiplas post-hoc para o resultado significativo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) sob o parecer nº 62.60.859/2023.

Resultados

O escore global médio de autoeficácia para os sujeitos foi de 27 ± 5,07 e a mediana foi de 28, ressalta-se que a escala pode variar de 9 a 45 pontos. Quanto à classificação de autoeficácia, 50,72% (n = 35) dos participantes possuem alta autoeficácia, dos quais 68,57% (n = 24) são mulheres e 60% jovens adultos (n = 21). Dos 69 indivíduos avaliados, 22 (31,88%) fazem o uso do medicamento Hidroxiuréia. Observou-se diferença significativa entre as medianas da escala de autoeficácia para indivíduos em uso ou não de Hidroxiuréia (p = 0,037), apesar de apresentar pequeno efeito no teste post-hoc realizado.

Discussão

O SCSES aborda questões relacionadas ao controle da dor e do cansaço, gerenciamento das emoções, necessidade de mudança no comportamento, tomada de decisões adequadas sobre o cuidado da doença e capacidade para realizações de atividades normais no dia a dia. A autoeficácia não é estática e sofre variação em diferentes contextos, desta forma, indivíduos tem a capacidade de aumentar sua autoeficácia. O uso de hidroxiuréia contribui na melhora da qualidade de vida de pacientes, na prevenção de complicações, na redução de crises e na diminuição de internações. Apesar dos benefícios evidentes do uso da Hidroxiuréia, o medicamento ainda é pouco utilizado devido à resistência de médicos e muitas vezes do próprio paciente com DF e familiares. Isso se deve, em parte, à necessidade de monitoramento laboratorial frequente durante o tratamento e aos efeitos colaterais associados, como mielossupressão, alterações na espermatogênese e teratogenicidade.

Conclusão

Apesar de que o uso da Hidroxiuréia influencie em melhorias tangíveis ao paciente, que poderiam, desta forma, aumentar a confiança na eficácia do tratamento e na capacidade de gerenciar sua saúde, o estudo demostrou que a alta autoeficácia não está relacionada ao uso de Hidroxiuréia. Estudos complementares são necessários para a compreensão da relação entre o uso o medicamento e autoeficácia, e contribuir para o tratamento e autocuidado.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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